Santander (SANB11): Ações chegam a subir mais de 3% após balanço; é hora de comprar?
Após um segundo trimestre chocho, o Santander Brasil (SANB11) animou os investidores com lucro de R$ 4 bilhões, acima das expectativas.
Além disso, o banco conseguiu melhorar a rentabilidade, voltando ao patamar de 17%, enquanto os analistas esperavam estabilidade nessa linha.
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O alívio contagiou o mercado. Mais cedo, a ação chegou a subir 3,20%, mas arrefeceu o ritmo e operava em alta de 2% por volta das 11h.
No ano, a ação sobe 27%.
Entre os fatores que ajudaram o banco a entregar o resultado, estão:
- menores provisões, após o reforço feito no trimestre anterior;
- margem financeira com clientes (NII) crescendo bem acima da carteira de crédito;
- alíquota de imposto mais baixa, com maior volume de JCP (juros sobre capital próprio);
- recuperação das receitas de serviços (+6,7% t/t), puxada por cartões e seguros; e
- despesas controladas (+0,2% t/t), refletindo ajustes de headcount e fechamento de agências.
Sem qualidade, mas…
Apesar da animação do mercado, o JPMorgan viu um resultado sem qualidade.
De acordo com os analistas, itens não recorrentes, como impostos, ajudaram o banco a inflar os números. Com isso, o resultado antes de impostos (EBT) ficou 6% abaixo do esperado.
“Isso foi provocado, principalmente, por conta da queda de 1% na receita líquida de juros (NII), impactada por um prejuízo de R$ 1,3 bilhão na receita líquida de juros de mercado — quase o dobro do prejuízo de R$ 730 milhões do 2º trimestre de 2025.”
Ainda assim, diz o JPMorgan, a expectativa era baixa e há muitos pontos positivos no balanço, entre eles:
- retomada da expansão da carteira de empréstimos;
- otimização de custos;
- melhores tarifas; e
- controle da qualidade dos ativos.
“O crescimento da carteira de empréstimos, que vinha sendo um obstáculo para o Santander recentemente, apresentou alguma aceleração marginal, crescendo 4% em relação ao ano anterior (2% em relação ao trimestre anterior), impulsionado por grandes, pequenas e médias empresas.”
Em coletiva com jornalistas, o CEO Mario Leão reafirmou a estratégia de crescer pouco, mas crescer bem, algo que já vem sendo colocado em prática desde o ano passado.
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“É possível que cresçamos menos do que o mercado como um todo — e tudo bem, desde que esse crescimento esteja ancorado nos clientes e segmentos em que queremos atuar, nos produtos que queremos oferecer e que estejam gerando mais sustentabilidade nesses segmentos.”
Despesas sob controle
Já o Safra diz que o banco fez a lição de casa no quesito despesas, o que contribuiu para a rentabilidade.
No trimestre, o banco registrou ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de 17%, alta de mais de 1 ponto percentual em relação ao trimestre passado.
“Também tivemos uma leitura melhor das tendências da qualidade dos ativos. O aumento sequencial nos NPLs de 90 dias seguiu a tendência antecipada pela inadimplência de curto prazo no segundo trimestre, que diminuiu 10 pontos-base no terceiro trimestre.”
Do outro lado, a surpresa negativa ficou por conta da receita líquida de juros (NII) de mercado, que mais uma vez veio abaixo do esperado.
“Isso sinaliza que essa linha de crédito pode continuar sendo um fator negativo para os resultados nos próximos dois trimestres, quando se espera que as taxas de juros permaneçam nos níveis atuais”, afirma o Safra.
O que fazer com Santander?
O JPMorgan, mesmo com um resultado geral fraco, reiterou a recomendação em compra.
“Vemos o SANB sendo negociado a um múltiplo atraente de 6,3x o P/L (preço sobre lucro) para 2026 e 1,05x o preço sobre o valor patrimonial (P/VP), para retornos sobre o patrimônio líquido (ROE) que acreditamos que devem convergir para 17-18% (a administração está falando em 20% no médio prazo).”
O preço-alvo é de R$ 35.
Já o Safra manteve recomendação neutra, com preço-alvo também em R$ 35. Para os analistas, o banco deve apresentar baixo crescimento da receita bruta até 2026.
“Preferimos que o Bradesco (BBDC4) consiga lidar melhor com o cenário de corte na taxa de juros.”