Santander (SANB11): Os sinais negativos do balanço; ação chega a cair mais de 3%

O Santander (SANB11) passou longe da euforia do primeiro trimestre e não conseguiu repetir o desempenho na segunda etapa do ano.
Mais cedo, o banco reportou lucro de R$ 3,7 bilhões, alta de 10% no ano, é verdade, mas queda de 5% ante o primeiro trimestre, que é historicamente mais fraco.
Além disso, o número também não conseguiu bater a projeção da Bloomberg.
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Na bolsa, a ação chegou a cair mais de 3% no começo da sessão. Por volta das 11h, no entanto, o papel ganhou força, mas operava ainda no negativo, a 0,91%.
Sinais negativos do Santander
Em seu relatório, o BTG disse que a combinação de volumes/empréstimos mais fracos, queda acentuada nos resultados de tesouraria e provisões para perdas com empréstimos mais altas explica o resultado abaixo do esperado.
“O controle das despesas operacionais e outras receitas e despesas operacionais contribuíram, mas não foram suficientes para compensar os fatores negativos”.
Segundo o Safra, os números são ruins para a ação, que tomba mais de 10% desde as máximas do ano.
A casa diz que a qualidade dos resultados foi pior do que o esperado, com uma queda de 6% no NII (margem financeira) ajustado ao risco. E poderia ter sido pior, não fosse a dinâmica favorável de despesas operacionais (opex).
Por outro lado, o banco conseguiu manter a inadimplência acima de 90 dias controlada, puxado por um nível mais alto de baixas contábeis no trimestre.
Mesmo assim, os impactos da economia mais fraca já são sentidos. Houve um aumento na inadimplência de curto prazo das PMEs (pequenas e médias emrpesas) e leve melhora no segmento pessoa física.
“Portanto, interpretamos os dados de qualidade de ativos de forma negativa, o que pode indicar menor apetite de risco à frente e possível queda nos lucros frente ao consenso”.
Para o Goldman Sachs, o lucro líquido recorrente veio 3% abaixo da estimativa.
Já o lucro antes dos impostos (EBT) caiu 12% no trimestre e ficou 9% abaixo da projeção, parcialmente compensado por uma alíquota de imposto mais baixa.
“As receitas decepcionaram tanto nas tarifas quanto no NII, pressionado por juros mais altos e resultados mais fracos de tesouraria”.
Outro destaque negativo foram as provisões, que subiram 7% no trimestre, “refletindo a deterioração macroeconômica e o aumento de pedidos de recuperação judicial no setor rural”.
Tanto o Goldman quanto Safra possuem recomendação neutra para o papel.
Fracasso?
O BTG disse o mercado já esperava resultados mais fracos. Mesmo assim, o banco afirmou que o segundo trimestre foi um fracasso.
Entre os pontos positivos, está a melhora na margem financeira e na margem de juros líquida, impulsionada pelo foco na alocação de capital e pela melhoria da carteira de depósitos, combinada com os ganhos de custo decorrentes da transformação digital.
“Mas a expansão mais fraca dos empréstimos e as crescentes preocupações com a deterioração da qualidade dos ativos no futuro, em nossa opinião, podem pesar sobre as ações. No início do ano, esperávamos que o primeiro trimestre fosse o mais fraco, com o ROE expandindo trimestre após trimestre — o que não se concretizou”.
CEO espera acomodação em provisões
Em teleconferência de resultados, o CEO do Santander, Mario Leão, acamou os ânimos ao dizer que o aumento de 17% das provisões irão se acomodar.
“Não esperamos que continue a deterioração em agro e ‘corporate’ para sempre…possivelmente vai ter alguns trimestres em que esses setores estarão desafiados por juros”.
Ainda segundo ele, a antecipação do movimento de provisionamento “torna o portfólio cada vez mais saudável”.
Leão também afirmou que o Santander deve voltar a ver crescimento no portfólio de risco sacado do banco no terceiro trimestre, após recuo relevante nessas operações no segundo trimestre em razão das mudanças envolvendo o IOF.
Com informações da Reuters