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Santanter: alta das ações foi exagerada? É melhor ter cautela, dizem analistas

29 abr 2021, 15:47 - atualizado em 29 abr 2021, 15:47
Santander
Santander: alta do lucro empolga, mas há alguns pontos que precisam ser monitorados, dizem analistas (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Santander (SANB11) divulgou resultados animadores na manhã da última quarta-feira (29), fazendo com que as ações fechassem em alta de mais de 8% – e puxando outros bancos junto.

A companhia reportou lucro líquido de R$ 4.012 bilhões, 1,4% superior ao trimestre anterior e 4,1% superior ao ano anterior. A cifra superou em R$ 300 milhões o consenso da Bloomberg.

No entanto, analistas estão um pouco mais cautelosos em relação ao desempenho do bancão, principalmente por conta do cenário econômico.

“Notamos que o otimismo provavelmente seria maior se tivéssemos uma melhor visibilidade sobre o cenário macroeconômico de curto prazo. Com grandes incertezas ainda em torno das tendências de NPL (inadimplências) futuras, esperamos que os investidores considerem os atuais números do provisionamento do Santander com cautela”, aponta a Ágora Investimentos.

O pé atrás também foi reforçado pela XP. Os analistas Marcel Campos e Matheus Odaguil observam que o banco pode ter que fazer mais provisões no médio prazo.

“Ainda esperamos que o índice de inadimplência do banco chegue a um pico maior devido à crise econômica causada pela pandemia da Covid-19 e agravada pela carteira concentrada em varejo e crédito para veículos do Santander”, afirmam.

Santander SANB11
O Inter afirma que a inadimplência é o principal risco para uma possível deterioração dos resultados (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Pontos altos

Para Ágora, o grande destaque foi o forte desempenho da Margem Financeira Bruta e Tarifas, aumentando até 8,3% no trimestre, impulsionado pela sólida margem com clientes, em última análise, impulsionado por spreads de aumento sequencial de 0,8 ponto percentual e um leve aumento de 2,4% no trimestre.

Os inadimplentes de 90 dias, por sua vez, permaneceram praticamente estáveis em 2,1%, com a formação trimestral de inadimplência em 0,8%, destaca.

“Notamos, no entanto, que os primeiros indicadores (15-90d) já estão mostrando sinais de deterioração (alta de 0,8 ponto percentual ante o quarto trimestre, para 3,6%) que, embora esperada em certa medida, pode ser um ponto de atenção no futuro, especialmente levando em consideração o desempenho da economia mais fraco”, ressaltam.

Já o BTG lembra a margem financeira (NII) das atividades de mercado, que atingiu R$ 2,125 bilhões, alta de 21% no trimestre e 17% no ano.

“Em resumo, um trimestre decente. O ROE (retorno sobre o patrimônio) atingiu 20% em um cenário macro ainda desafiador. Embora a NII mais forte do que o esperado pareça não recorrente, o fato é que o Santander tem superado consistentemente seus pares”, afirma.

O Inter Research destaca que a inadimplência é o principal risco para uma possível deterioração dos resultados.

“Mas acreditamos que o Santander melhorou bem a qualidade de crédito nos últimos anos e, exceto pelo efeito da pandemia, no qual esperamos aumento da inadimplência em 2021, níveis normais de 3,5% ainda mantém o banco rentável”, ressalta.

Após o resultado, a corretora revisou a sua recomendação de neutra para compra, com preço-alvo de R$ 47.

O analista Luis Sales, da Guide, também argumenta que o Santander segue apresentando desempenho robusto durante o período de crise, com crescimento da carteira de crédito e manutenção das provisões em níveis confortáveis.

“Além disso, as receitas de serviço seguem mostrando crescimento e as despesas em patamares controlados. Santander segue com um dos melhores desempenhos entre os grandes bancos, mas praticamente já precificado na ação esse descolamento de rentabilidade em relação ao Itaú (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4)”, completa.

Veja as recomendações

Corretora Preço-alvo Recomendação
Ágora R$ 44 Neutra
BTG R$ 48 Neutra
XP R$ 32 Neutra
Inter R$ 47 Compra

 

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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