Money Times Entrevista

“Se Lula quer ganhar no 1º turno, precisa acalmar todo mundo, inclusive os mercados”, diz cientista político Antonio Lavareda

17 out 2021, 14:00 - atualizado em 17 out 2021, 14:36
O cientista político Antônio Lavareda
“O mercado tenta domesticar o Lula e Lula tenta domesticar o mercado”, aponta (Imagem: Arquivo Pessoal/ Antônio Lavareda)

Na última sexta-feira (15), a Bloomberg informou que o ex-presidente Lula se prepara para iniciar um diálogo com os mercados em vista das eleições de 2022. 

A mensagem seria próxima a linha paz e amor de 2002, quando o então candidato soltou a Carta aos Brasileiros, justamente para acalmar os mercados e os agentes econômicos. 

Segundo a agência, o entorno do ex-presidente acredita que ele conseguirá construir pontes passando a mensagem de que o candidato petista será alguém equilibrado, que faça contraponto a Jair Bolsonaro.

Na visão do cientista político Antonio Lavareda, que conversou com o Money Times, o movimento do ex-presidente é natural. Lula lidera as intenções de votos segundo institutos de pesquisa.  Segundo o Datafolha, se as eleições fossem hoje, o petista ganharia com 56% e o atual presidente chegaria a 31%.

“Quando você tem um candidato que lidera as pesquisas com larga margem de pontos percentuais, tudo que esse candidato faz tem repercussão na sociedade e em especial em segmento bastante sensível como o mercado financeiro. Tudo que um candidato nessa situação puder fazer para domar o mercado, no sentido de não criar expectativas pessimistas, deve fazê-lo e será bem recebido pelo mercado”, aponta  

Ainda de acordo com ele, o intuito do Lula hoje é tentar ganhar no primeiro turno. “Então ele precisa tentar acalmar todo mundo que esteja nervoso […] O mercado tenta domesticar o Lula e Lula tenta domesticar o mercado”, completa.

Petrobras tem sido o principal alvo do ex-presidente

Ambiguidade

Até o momento, as falas de Lula têm sido de críticas, principalmente em relação à Petrobras (PETR4). No mês passado, o ex-presidente declarou que a estatal eleva o preço de combustível para pagar o acionista nos EUA.

A declaração do petista foi uma reação ao anúncio mais recente de alta do preço do diesel nas refinarias.

“Mais uma alta do diesel. Não tem explicação para subordinar os preços dos combustíveis ao mercado internacional. O que está acontecendo é que a Petrobras está acumulando verba para pagar acionista americano. Não tem explicação”, disse Lula em entrevista à Rádio Capital de Cuiabá, cujos trechos foram publicados na conta do petista no Twitter.

Na semana passada, o ex-presidente também afirmou que aumentos de combustíveis mostram que a Petrobras pode mais que Bolsonaro.

“O que está acontecendo é que a Petrobras tem uma direção mais importante que o presidente da República. A direção da Petrobras está mostrando que ela pode mais que o presidente da República”, disse Lula em entrevista coletiva em Brasília.

“Se ele (Bolsonaro) não tem coragem de governar, não tem coragem de dizer que não vai aumentar, é um problema dele. Significa que o Brasil está precisando de um novo presidente para fazer justiça com o preço do combustível.”

Outras preocupações dos investidores recaem sobre uma revisão do teto de gastos e uma reforma do setor bancário.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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