Direitos Humanos

Segurança pública, migração e política externa: Veja o que diz o relatório da Human Rights Watch

17 jan 2019, 17:21 - atualizado em 17 jan 2019, 17:21
(Pixabay)

O Relatório Mundial 2019, publicado pela Human Rights Watch nesta quinta-feira (17), faz um panorama dos eventos ocorridos no Brasil em 2018 e que possivelmente continuarão sendo debatidos neste ano. Temas como violência, liberdade de expressão, igualdade de gênero e política externa figuram entre os principais problemas listados no documento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

+ Veja aqui quais são as pequenas gigantes da Bolsa que podem te ajudar a transformar centavos em milhões

Segurança pública e sistema carcerário

Foram 64.000 homicídios em 2017, um recorde. Tamanho ciclo de violência, de acordo com o relatório, prejudica a segurança pública e coloca em risco a vida de policiais e civis. No mesmo ano, 367 policiais em serviço e de folga foram mortos. Por outro lado, policiais em serviço e fora de serviço mataram 5.144 pessoas, de acordo com dados de fontes oficiais compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Durante seu mandato, o ex-presidente Michel Temer transferiu às Forças Armadas o dever de cuidar da segurança pública e do sistema carcerário no Rio de Janeiro até dezembro de 2018. O que deveria melhorar a qualidade da segurança para os cidadãos agravou o quadro de criminalidade. A letalidade violenta no estado aumentou 2% e o número de homicídios cometidos pela polícia subiu 44%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quanto ao sistema carcerário, o Ministério da Justiça estima que mais de 726.000 adultos se encontravam atrás das grades em junho de 2016. O número aumentou para 842 mil até o fim de 2018.

O quadro de superlotação dificulta o controle por parte das autoridades prisionais, o que reforça a violência dentro dos presídios e o aumento do número de facções.
Com a vitória de Jair Bolsonaro na última disputa presidencial, muito se tem falado sobre as medidas a serem adotadas durante o seu mandato. Segundo o relatório, o presidente tem o grande desafio de reduzir o crime no país sem comprometer os direitos humanos.

Direitos das crianças

De acordo com dados oficiais, os centros socioeducativos no Brasil abrigavam 24.345 crianças e adolescentes em conflito com a lei em janeiro de 2018.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Um estudo realizado pelo Instituto Sou da Paz revelou que 90% dos menores detidos no estado de São foram maltratados pela polícia militar durante a prisão. 25% disseram ter sido agredidos por agentes socioeducativos.

Liberdade de expressão

No período eleitoral, mais de 140 jornalistas foram intimidados, ameaçados e agredidos fisicamente, de acordo com informações divulgadas pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Houve repressões por parte das universidades. Paralelamente, Bolsonaro e seus aliados tentavam validar um projeto de lei que proibia os professores de “promover” suas ideias e opiniões nas salas de aula ou de usar termos como “gênero” e “orientação sexual”. No lugar disso, a proposta incentivava que escolas escolhessem falar sobre “valores de ordem familiar” na educação moral, sexual e religiosa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Recentemente, Bolsonaro afirmou que cortaria a verba publicitária para veículos de imprensa que se comportassem de forma “indigna”.

Direitos das mulheres e meninas

Mais de 1,2 milhão de casos de violência doméstica estavam pendentes nos tribunais no fim de 2017. O número de assassinatos de mulheres chegou a 4.539 no ano, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Destes, 1.133 foram classificados como feminicídio.

Ao passo que a violência contra a mulher aumenta, abrigos que recebem mulheres e crianças com necessidade de proteção urgente são fechados por conta de cortes de orçamento. Atualmente, só 74 unidades continuam funcionando.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A questão do aborto também é outra questão bastante discutida. É legal somente em casos de estupro ou quando a mulher ou o bebê corre risco de vida. Mulheres e meninas que não se encontram nestas situações acabam realizando abortos clandestinos, ficando submetidas a riscos, lesões e penas de até três anos de prisão.

Direitos das pessoas com deficiência

Não é raro ver pessoas com deficiência sendo confinadas em instituições onde a negligência e abuso são frequentes. Para agravar o quadro, tribunais podem privá-las de sua capacidade legal a pedido de um parente ou do diretor de uma instituição.

Em junho de 2018, um projeto de lei foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, reconhecendo o direito à capacidade legal para alguns adultos com deficiência.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Migrantes e refugiados

Uma das ocorrências que marcaram o Brasil e o mundo foi o êxodo venezuelano. Segundo a ACNUR, entre janeiro de 2014 e abril de 2018, 25.311 venezuelanos solicitaram autorização de residência no Brasil. 57.575 entraram com um pedido de refúgio de janeiro de 2014 a julho de 2018. Destes, somente 14 foram aprovados pelo governo.

Roraima foi o estado que mais recebeu venezuelanos. O governo federal e o ACNUR criaram 13 abrigos para acolher mais de 5.500 pessoas. Outras questões, porém, estão em jogo, como o dever do governo de integrar todas essas pessoas à sociedade.

Conflitos entre brasileiros e venezuelanos se tornaram comuns no estado. Em março, um grupo de brasileiros expulsou venezuelanos de um abrigo improvisado. Em agosto, uma multidão empurrou cerca de 1.200 venezuelanos para o outro lado da fronteira enquanto a polícia olhava.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Identidade de gênero

O Supremo Tribunal Federal determinou em março de 2018 que o poder público já não pode mais exigir cirurgias de mudança de sexo ou autorizações judiciais para que pessoas transgênero mudassem o nome e o gênero nos documentos de identidade.

Somado a isso está o aumento da violência contra a comunidade LGBT. Durante a campanha presidencial, diversos veículos midiáticos reportaram casos de ameaça e ataque contra lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.

Direitos trabalhistas

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Foram registrados pelo Ministério do Trabalho 1.246 casos de trabalhadores em condições análogas à escravidão entre janeiro e outubro do ano passado. Em abril, o ministério publicou uma lista com o nome de 166 empregadores que sofreram penalidades por empregar pessoas para trabalhar em condições abusivas.

Meio ambiente

Outra questão bastante discutida é o uso de agrotóxicos em territórios próximos às casas. Moradores de comunidades são intoxicados pelo processo de pulverização da química, que contamina a água e os alimentos.

Os conflitos por terras também são comuns. Em 2017, 71 pessoas morreram de forma violenta por exigir a apropriação do terreno, segundo a Comissão Pastoral da Terra da Igreja Católica.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ditadura militar

Desde 2012, o Ministério Público Federal denunciou mais de 40 ex-agentes do Estado acusados de assassinatos, sequestros e outras violações de direitos humanos. A maioria dos casos foi rejeitada pelos tribunais.

O Ministério Público Federal reabriu em julho, a pedido da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o caso do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado por agentes do Estado em 1975.

Vale ressaltar que os responsáveis pelos abusos de direitos humanos durante a época da ditadura estão protegidos da justiça por uma lei de anistia de 1979, confirmada pelo Supremo Tribunal Federal em 2010.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Política Externa

O governo brasileiro se posicionou contra as violações de direitos humanos cometidas na Venezuela, assim como pressionou o presidente Nicolás Maduro a restaurar a democracia no país.

Em agosto, o Brasil, junto com a Áustria e o Chile, cobrou a negociação de um tratado que visa manter o controle humano totalmente autônomo sobre sistemas de armas e uso da força.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Linkedin
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
Linkedin
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar