Selic a 14,75%: 4 pontos para entender por que o Copom elevou os juros pela 6ª vez consecutiva

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 14,75% ao ano, no maior nível em quase duas décadas. A decisão já era esperada pelo mercado.
Desta vez, os diretores do Copom afirmaram que o novo ajuste, já “contratado” na decisão anterior, é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.
Eles ainda reforçaram que se manterão “vigilantes” e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta.
Diferente das duas últimas decisões, o colegiado do BC não forneceu uma orientação clara para a decisão de junho. “Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, disse o comunicado.
“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, acrescentou.
Os diretores também reduziram as expectativas para a inflação. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 passou de 5,1% para 4,8%, ainda acima do teto da meta — de 4,5%.
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Selic a 14,75%: Entenda o movimento do Copom
Internacional
No comunicado, o Copom reforçou o ambiente externo mostra-se “adverso e particularmente incerto” em função da conjuntura econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza da política comercial do país e seus efeitos. Na decisão anterior, os diretores haviam avaliado o cenário externo como “desafiador”.
“A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária”, diz o comunicado.
Os diretores ainda destacaram a volatilidade de diferentes classes de ativos, “com fortes reflexos nas condições financeiras globais”. Por isso, o Comitê manteve a avaliação de que “o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes” e acrescentou que há maior tensão geopolítica.
Economia brasileira
Em relação ao cenário doméstico, os diretores ressaltam que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, “mas observa-se uma incipiente moderação no crescimento”.
“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado.
O comunicado também destaca os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, estão mais elevados do que o usual.
Entre os riscos de alta destacam-se:
- desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
- maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e
- conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
Já entre os riscos de baixa para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, os diretores do Copom consideram:
- uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (
- uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e
- uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.
Para onde vai a Selic?
Diferentemente das duas decisões anterioees, o Copom preferiu não fornecer uma orientação futura para a trajetória da Selic.
“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, afirmou o comunicado.
O Comitê disse ainda que se manterá vigilante e que calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Decisão unânime
Segundo o comunicado, os dirigentes do Banco Central entraram em consenso e a decisão foi novamente unânime.
Gabriel Galípolo (presidente), Ailton de Aquino, Diogo Guillen, Gilneu Vivan, Izabela Correa, Nilton Schneider, Paulo Picchetti, Renato Dias e Rodrigo Teixeira votaram pela alta de 0,50 ponto percentual.