Taxa Selic

Selic a 14,75%: 4 pontos para entender por que o Copom elevou os juros pela 6ª vez consecutiva

07 maio 2025, 19:20 - atualizado em 07 maio 2025, 19:30
Economia, taxa Selic, Copom, Banco Central, inflação
Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em para 14,75% ao ano (Imagem: iStock/ Rmcarvalho/Canva)

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 14,75% ao ano, no maior nível em quase duas décadas. A decisão já era esperada pelo mercado.

Desta vez, os diretores do Copom afirmaram que o novo ajuste, já “contratado” na decisão anterior, é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.

Eles ainda reforçaram que se manterão “vigilantes” e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta.

Diferente das duas últimas decisões, o colegiado do BC não forneceu uma orientação clara para a decisão de junho. “Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, disse o comunicado.

“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, acrescentou.

Os diretores também reduziram as expectativas para a inflação. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 passou de 5,1% para 4,8%, ainda acima do teto da meta — de 4,5%.

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Selic a 14,75%: Entenda o movimento do Copom

Internacional

No comunicado, o Copom reforçou o ambiente externo mostra-se “adverso e particularmente incerto” em função da conjuntura econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza da política comercial do país e seus efeitos. Na decisão anterior, os diretores haviam avaliado o cenário externo como “desafiador”.

“A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da m​agnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária”, diz o comunicado.

Os diretores ainda destacaram a volatilidade de diferentes classes de ativos, “com fortes reflexos nas condições financeiras globais”. Por isso, o Comitê manteve a avaliação de que “o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes” e acrescentou que há maior tensão geopolítica.

Economia brasileira

Em relação ao cenário doméstico, os diretores ressaltam que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, “mas observa-se uma incipiente moderação no crescimento”.

“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado.

O comunicado também destaca os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, estão mais elevados do que o usual.

Entre os riscos de alta destacam-se:

  • desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
  • maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e
  •  conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

Já entre os riscos de baixa para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, os diretores do Copom consideram:

  • uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (
  • uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e
  • uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

Para onde vai a Selic?

Diferentemente das duas decisões anterioees, o Copom  preferiu não fornecer uma orientação futura para a trajetória da Selic. 

“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, afirmou o comunicado.

O Comitê disse ainda que se manterá vigilante e que calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Decisão unânime

Segundo o comunicado, os dirigentes do Banco Central entraram em consenso e a decisão foi novamente unânime.

Gabriel Galípolo (presidente), Ailton de Aquino, Diogo Guillen, Gilneu Vivan, Izabela  Correa, Nilton Schneider, Paulo Picchetti, Renato Dias e Rodrigo Teixeira votaram pela alta de 0,50 ponto percentual.

Veja o comunicado do Copom

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.