Mercados

Selic a 11,25% é ‘indecente’, diz Rogério Xavier, da SPX Capital

08 fev 2024, 14:21 - atualizado em 08 fev 2024, 14:21
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Gestor vê excesso de restrição na taxa de juros brasileira; para os EUA, diz que corte pode vir em breve (Imagem: Shutterstock/Divulgação SPX – Montagem: Julia Shikota)

A estratégia do Banco Central (BC), comandado por Roberto Campos Neto, é criticada não só por setores do governo, mas do mercado, que veem um excesso de juros na aplicação da política monetária. É essa a visão de um dos mais conhecidos gestores do país, Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital.

“Não tem necessidade, com a inflação atual [de 4,51%], o BC trabalhar com os juros a 11,25%. É indecente”, diz Xavier. As declarações foram dadas ao podcast do Market Makers, que vai ao ar nesta quinta, às 18h. 

A SPX Capital conta atualmente com R$ 60 bilhões em ativos sob gestão, atuando nos mercados de ações, multimercados, private equity, crédito e imobiliário.

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Ele vê a estratégia da autarquia brasileira como um padrão global. “É a estratégia que os bancos centrais têm perseguido, de mesmo cortando o juros, ficarem ainda restritivos”, diz, a exemplo do Federal Reserve (Fed).

Sobre a economia americana, Xavier vê uma possibilidade de corte nos juros em breve. “O Powell, em seu último discurso de pós-reunião, não mostra uma preocupação com uma atividade forte”, diz.

“O presidente do Fed fala que os números estão bons e precisam continuar bons, no caminho da meta da inflação. Acreditamos que em março a inflação vai atingir 2,4%, onde ele já poderia cortar juros, e em maio, a 2,3%”, afirma.

Diante dos cenários macroeconômicos, que devem melhorar com o corte de juros pelo Fed, Xavier vê o Brasil como “sardinha”.

“Não será protagonista: se o mundo for bem, ele vai bem; se for mal, ele vai mal”, diz. Em relação à política brasileira, o gestor vê o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como uma “grata surpresa”.

Já em relação ao presidente Lula, Xavier aponta que o presidente “não está velho, mas quer reviver ideias ruins do passado”, citando como exemplo a indicação de um nome político para o conselho da Vale (VALE3).

China tem esgotamento de modelo mas pode beneficiar ocidente, diz gestor

Sobre uma das maiores economias do mundo, Xavier afirma que, enquanto “todo mundo está lutando contra inflação, a China está lutando contra deflação. Isso é a prova do esgotamento de modelo”.

Ele explica que no país não há mais demanda interna para os bens produzidos. “Ao invés de parar a produção, o governo chinês está ideologicamente mantendo o modelo antigo. O que fazer com os bens produzidos se ninguém comprará na China? Exporta”, diz.

No caso, vê um benefício na medida. “Com o excesso de oferta, ela vende a preços menores, gerando deflação. Para o ocidente, isso é maravilhoso, pois a China está vendendo produtos a um preço menor enquanto aqui estamos lutando para derrubar os preços”.

Segundo ele, “por isso, a China não é um problema para o mundo neste momento, pois esse esgotamento do modelo ajudará a derrubar os juros no ocidente”.

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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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