Economia

Selic a 14,75% ou 15%? O que dizem os analistas sobre a próxima decisão do Copom

12 jun 2025, 12:23 - atualizado em 12 jun 2025, 12:23
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Próxima reunião do Copom acontece nos dias 17 e 18 de junho. (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O mercado está dividido quanto à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) dos dias 17 e 18 de junho. Segundo as Opções de Copom da B3, 48% dos investidores apostam na manutenção da Selic, enquanto 50% veem uma alta de 0,25 ponto percentual (p.p.).

As instituições financeiras também divergem sobre o rumo da taxa básica de juros. A Ativa Investimentos é uma das casas que acredita que o Banco Central (BC) irá manter os juros estáveis no atual patamar de 14,75% ao ano.

O economista-chefe da instituição, Étore Sanchez, afirma em entrevista ao Money Times, que os diretores da autarquia já estariam “preparando o terreno” para encerrar o ciclo de aperto monetário. 

Sanchez aponta como indício a desaceleração do ritmo de alta da Selic: após elevações de 1 p.p. nas três decisões anteriores, o último ajuste foi de 0,50 p.p.

Além disso, a BC passou a projetar uma inflação mais “acomodatícias” para o atual horizonte relevante de política monetária, ainda que tenha deixado a porta aberta para novas elevações este mês.

A expectativa dos membros do Copom para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2026 caiu de 3,9% para 3,6%. “Nossa perspectiva é que essa projeção condicional caia ainda mais”, afirmou Sanchez.

O economista ainda destaca o componente político como um fator de influência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no início deste mês que os juros continuam “muito altos”, mas que acredita que o BC logo vai tomar a atitude “correta” e reduzir os custos dos empréstimos.

Ainda assim, Sanchez ressalta que não causaria nenhuma estranheza se o Copom elevasse a taxa em 0,25 p.p. e anunciasse o fim do ciclo de aperto monetário. “Seria algo meramente residual. Em termos de impactos econômicos, nós estamos falando de praticamente nada”.

A Galapagos Capital, por outro lado, defende que a autarquia deve fazer um aperto adicional na política monetária, levando a Selic ao patamar de 15% ao ano.

A economista-chefe da casa, Tatiana Pinheiro, afirma que o cenário de inflação segue adverso. “A inflação ocorrente e as expectativas estão distantes da meta e os dados de atividade econômica estão mostrando uma economia sólida e resiliente — é muito parecido com o cenário da decisão anterior”, disse ao Money Times.

Até a última leitura, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 2,75% no ano e de 5,32% em 12 meses. Já as expectativas para este e o próximo ano, segundo o Boletim Focus, estão em 5,44% e 4,50%, respectivamente.

Pinheiro pondera ainda que a economia internacional, principalmente relacionada às tarifas comerciais de Donald Trump, continua incerta.

Tom ‘hawkish’ é consenso

Apesar das divergências em relação à decisão do Copom da próxima semana, ambas as casas esperam que os diretores sinalizem o final do ciclo do aperto monetário já nesta reunião e mantenham os juros estáveis por um longo período.

“Eles vão reforçar muito a estratégia do higher for longer“, disse a economista do Galapagos.

Tanto Sanchez quanto Pinheiro acreditam que a autarquia deve manter um tom hawkish (duro) no comunicado, a fim de afastar a precificação precoce de um ciclo baixista da Selic.

“O Banco Central vai ter que não só interromper os juros com a linguagem dura, como sustentar esse tom por todo o período em que buscar a manutenção dos juros elevados”, afirmou o economista da Ativa.

“Quando um banco central interrompe um ciclo de alta de juros, começa-se a precificar quando vai começar o ciclo de baixa”, disse Sanchez. “Para que a estratégia adotada pelo Banco Central seja minimamente exitosa, ele vai ter que afastar perspectivas de corte de juros tão em breve”.

Ambos também concordam que não deve haver divergência entre os diretores do Copom na decisão, seja de manutenção ou alta.

É cedo para falar em cortes da Selic?

Os economistas afirmam que ainda é cedo para falar em cortes da Selic, uma vez que o BC deve se manter em compasso de espera por um período prolongado.

Segundo eles, a autarquia precisaria ver convergência mais séria da inflação para a meta, melhora nas expectativas e enfraquecimento da atividade para iniciar o afrouxamento monetário.

A Ativa espera que os diretores comecem a reduzir os juros a partir de junho de 2026. A projeção da casa é de que a taxa encerre o próximo ano no patamar de 11%.

Já a Galapagos vê um primeiro corte de 0,50 p.p. em dezembro deste ano, o que levaria a Selic para 14,50%. O ciclo de afrouxamento deve seguir pelo primeiro semestre e fechar 2026 em 10,50%.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
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Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
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