Economia

BTG Pactual projeta alta de 0,5 ponto na Selic em maio, com demanda doméstica exigindo ‘postura firme’ do BC

05 maio 2025, 14:48 - atualizado em 05 maio 2025, 14:48
Economia, Mercados, Selic, Copom, Super Quarta, IPCA
BTG Pactual estima um aumento de 0,50 p.p. para a Selic, no Copom desta semana (Imagem: Banco Central)

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) acontece nesta semana, entre terça-feira (6) e quarta-feira (7), e a expectativa do BTG Pactual é que seja decidido um aumento de 0,50 ponto percentual (p.p.), elevando a na taxa básica de juros, a Selic, para 14,75% ao ano.

Os analistas Claudio Ferraz, Bruno Martins e Bruno Balassiano, que assinam o relatório, lembra que, na última reunião, o Copom já havia sido sinalizado um novo aumento nos juros, embora em ritmo mais lento. Apesar dessa indicação de desaceleração, o comunicado e a ata do encontro de março tiveram um tom “mais agressivo do que o esperado”.

“A escalada das tensões comerciais globais — impulsionada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos e pelas medidas retaliatórias da China — introduziu novas incertezas no cenário internacional”, dizem. “Para o Brasil, no entanto, os efeitos esperados são de natureza desinflacionária, embora algumas dúvidas permaneçam”, completam os analistas.

A equipe ainda acrescentou que os estímulos à demanda doméstica, já em vigor pelo governo, devem “compensar esses efeitos desinflacionários” vindos do exterior. Contudo, um cenário marcado por uma inflação elevada, um crescimento econômico acima do potencial e expectativas desancoradas continuam a exigir uma “postura firme” do Banco Central.

O que esperar do Copom?

Desde a última reunião, a comunicação de Gabriel Galípolo e diretores do BC tem refletido uma abordagem mais cautelosa e flexível.

Para o presidente do BC, a orientação emitida para a reunião de maio permanece válida. “Tudo o que foi dito na comunicação anterior permanece em vigor, essa é a nossa posição”, afirmou.

Para Nilton David, diretor de Política Monetária do BC, a desaceleração global induzida por tarifas é virtualmente inevitável, e provavelmente exercerá efeitos desinflacionários sobre o Brasil.

O diretor enfatizou que a política monetária já é altamente restritiva e que sinais de desaceleração da atividade, como a estabilização do IBC-Br, indicam que os efeitos das altas recentes nos juros estão começando a se materializar — mesmo com a resiliência do mercado de trabalho. David também alertou sobre a visibilidade limitada em relação ao cenário externo e a necessidade de interpretar os dados recentes com prudência.

Já Diogo Guillen, diretor de Política Econômica, ressaltou que o ambiente atual exige gradualismo e alto grau de cautela, com o Copom evitando sinalizações explícitas sobre movimentos futuros, dada a natureza inédita do ciclo atual.

Paulo Picchetti, diretor de Assuntos Internacionais do BC, enfatizou que a inflação permanece alta, persistente e disseminada. Segundo ele, a política monetária deve manter uma estratégia conservadora diante de um cenário de incerteza, reforçando a necessidade de tempo para que seus efeitos se manifestem plenamente.

Para a reunião de junho, o BTG Pactual reitera sua projeção de um aumento adicional de 0,25 pontos porcentual (p.p.), o que elevaria a taxa Selic terminal para 15% ao ano, com a política monetária permanecendo em território restritivo por um período prolongado. “A probabilidade desse aumento final diminuiu e estaremos atentos à comunicação do Comitê”, completam.

E a inflação?

Na análise da equipe do banco, a dinâmica da inflação permanece sob pressão, embora com alguma melhora marginal.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março ficou em 0,56% (5,48% em 12 meses), ligeiramente acima da mediana das projeções — ainda refletindo o enfraquecimento de choques não recorrentes, como energia elétrica e educação.

Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), prévia da inflação de abril, apresentou uma leitura um pouco mais benigna. No período, a inflação desacelerou para 0,43% (5,49% em 12 meses), abaixo da registrada em março, auxiliada pela deflação nas passagens aéreas e pela estabilização nos preços administrados — especialmente transporte urbano e produtos farmacêuticos, bem como pela melhora nas medidas de serviços básicos.

Nesse cenário, a perspectiva de inflação para os próximos meses permanece elevada, com apenas uma redução gradual nos serviços e riscos de alta concentrados em alimentos. Mas, a resiliência da demanda doméstica e o impulso adicional do crédito proveniente dos empréstimos consignados em folha de pagamento recentemente lançados adicionam novos desafios ao processo de desinflação.

“Mantemos nossas projeções para o IPCA em 5,7% para 2025 e 4,5% para 2026, com riscos de curto prazo inclinados para baixo, particularmente devido ao potencial de cortes nos preços dos combustíveis”, informam.

O balanço de riscos permanece altamente incerto. Isso porque, segundo o BTG, enquanto estímulos fiscais e de crédito domésticos sugerem pressão ascendente, a desaceleração global e potenciais efeitos desinflacionários da guerra comercial podem compensar algumas dessas pressões.

Dessa forma, a gestão da política monetária “exige cautela redobrada para garantir a convergência das expectativas de inflação para a meta”.

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Estagiária
Estudante de jornalismo na Universidade São Judas Tadeu, tem habilidades em edição de imagens e vídeos além da paixão pelo meio de comunicações. Estuda inglês e está em busca da fluência.
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