Selic a 15%: Como o Ibovespa, os juros futuros e o dólar devem reagir ao Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano nesta quarta-feira (10), no maior nível da taxa básica de juros desde meados de 2006. Essa foi a quarta manutenção consecutiva e em linha com o esperado pelo mercado. A decisão foi unânime.
No cenário doméstico, o Copom destacou que as expectativas de inflação seguem acima da meta, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. E, por isso, a política monetária deve seguir em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.
Na avaliação de Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, o Copom manteve o tom duro (hawkish) da decisão anterior, em novembro. “Não houve comunicação mais ‘dove‘, ou seja, leniente com a inflação, pelo contrário. Está tudo mantido”.
Os analistas do mercado também destacaram que o comunicado manteve a porta de afrouxamento monetário em janeiro “semi fechada”. “Como não houve qualquer indicação nesse sentido, o cenário mais provável é de que o ciclo possa começar em março – desde que, em janeiro, o Comitê dê sinais de que essa será a data adequada”, afirmou José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos.
“O BC acabou sendo o ‘Grinch’ do Natal para quem acreditava numa queda iminente da Selic. A mensagem foi muito mais de conter o otimismo do mercado do que sinalizar mudanças”, avaliou Rodrigo Marques, sócio e economista-chefe da Nest Asset Management.
Para a equipe de macroeconomia da Warren, o mercado seguirá dividido entre janeiro e março para o início do ciclo de cortes.
Como o Ibovespa deve reagir ao Copom?
Com a decisão do Copom já assimilada pelos mercados, os investidores tentam antecipar como o Ibovespa deve se comportar no pregão desta quinta-feira.
Lá fora, o índice EWZ — que é um fundo que replica o desempenho do índice MSCI Brasil, com as principais ações da bolsa brasileira — chegou a subir 0,81% logo após a divulgação do comunicado do Copom, mantendo o tom positivo do fechamento. O índice encerrou com leve ganho de 0,09%, a US$ 32,77.
Mas o Ibovespa (IBOV) deve ter um dia de “ressaca”, na visão de Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital. “A gente pode ter um movimento de realização nos mercados, que hoje foi positivo em função do cenário externo também.”
A percepção de uma breve realização também é compartilhada por Bruno Perri, economista-chefe e sócio-fundador da Forum Investimentos. “A bolsa deve sentir um pouco como repercussão desse comunicado mais duro.”
Hoje (10), o principal índice da bolsa brasileira encerrou o pregão em alta de 0,69%, aos 159.074,97 pontos, na esteira das bolsas de Nova York — em reação à decisão do Federal Reserve de cortar os juros para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano.
Os juros futuros vão cair?
Os juros futuros de curto prazo devem começar o dia em alta, com a expectativa de uma nova manutenção da Selic em janeiro, segundo Marcelo Bolzan, da The Hill Capital.
Para a equipe da Warren, a expectativa de corte na Selic apenas em março pode resultar em um movimento de “flattening” da curva de juros – ou seja, redução da taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs).
E o dólar?
“O real deve se beneficiar da postura mais dura do Comitê”, na avaliação da Warren. Nesta quarta-feira, o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,4686, com alta de 0,60%.