Selic a 15%: Ibovespa cai ou sobe? Como deve reagir mercado

O Ibovespa encerrou o pregão renovando máximas após o Federal Reserve cortar os juros em 0,25 ponto percentual e sinalizar novas tesouradas até o final do ano.
Aqui no Brasil, o Banco Central manteve a Selic, a taxa básica de juros, em 15%, como previsto. Porém, sinais indicam que o mercado deve realizar parte do lucro.
O EWZ, principal fundo de índice (ETF) do mercado brasileiro nos EUA, virou para queda no after-market, recuando 0,03%, o que poderia sinalizar alguma realização de lucros na sessão da próxima quinta-feira.
De acordo com Gabriel Lago, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o tom do comunicado veio claramente mais hawkish (duro), “até um pouco mais do que veio em julho”.
“Além de repetir que a Selic seguirá no patamar mais contracionista por um tempo prolongado, o Copom, desta vez, fez questão de dizer que vai retomar o ciclo de alta se julgar necessário. Isso de fato me chamou a atenção”.
Mesmo que o BC tenha destacado a leve melhora nas expectativas de inflação para 2025, o comitê reforçou que o cenário continua desafiador, com riscos mais elevados no exterior, em meio às tarifas de Donald Trump.
Ainda segundo Lago, o BC parece fechar as portas para quedas ainda neste ano, o que pode provocar algum ruído, visto que parte dos analistas projeta corte em dezembro.
“O comunicado vem com uma postura bem mais firme contra a inflação e reforça que não há espaço para cortes”.
Juros em alta, bolsa em queda?
Ainda segundo Lago, a repercussão nos mercados amanhã deve ser imediata, com os juros subindo.
“Juros futuros em alta devem refletir o tom mais duro. Além disso, o dólar pode ganhar um pouco de força com essa percepção de risco externo e geopolítico”.
Ele acrescenta que a bolsa também pode ser um ponto de atenção.
Apesar disso, Daniele Bresolin Zuchetto, consultora de investimentos da Unicred Porto Alegre, avalia que, com a manutenção da Selic em 15% ao ano já amplamente aguardada pelo mercado, é pouco provável que a decisão cause impactos relevantes no mercado financeiro.
A XP também não espera reações significativas na curva de juros após a reunião desta semana.
“Nas últimas semanas desde a última reunião, a curva de juros nominal local teve fechamento nos vértices intermediários e longos”.
Já os vértices curtos permaneceram praticamente inalterados no período, refletindo a expectativa de que o Banco Central não deve realizar novos ajustes na Selic em 2025.