Economia

Selic a 15% é suficiente para conter inflação e atividade, diz Rio Bravo — se não for, problema é fiscal

18 jun 2025, 20:18 - atualizado em 18 jun 2025, 20:18
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Copom eleva Selic a 15% na quarta reunião de 2025. (Imagem: Divulgação/Rio Bravo)

A Selic no atual patamar “ultra restritivo” é mais do que suficiente para controlar a inflação e a atividade econômica, afirma o economista da Rio Bravo Investimentos, José Alfaix. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou os juros em 0,25 ponto percentual (p.p.) nesta quarta-feira (18).

O economista da Rio Bravo avalia que, se a nova taxa básica não surtir efeito sobre a economia, pode haver entraves comprometendo o canal da política monetária — “teríamos que começar a olhar ainda mais atentamente o fiscal“.

“O volume que o Governo tem gasto com programas fora do orçamento representa muito dinheiro circulando — é muito estímulo à demanda. São duas instituições fazendo coisas contrárias”, disse em entrevista ao Money Times.

Na análise de Alfaix, os diretores do Banco Central (BC) acertaram em ajustar a Selic para 15% ao ano. “Por mais que 0,25 p.p. não mude tudo, é uma sinalização de um BC muito comprometido em fazer a inflação voltar para a meta”.

Além disso, a indicação de que a autarquia pode retomar o ciclo de alta dos juros, se necessário, mesmo com uma carga monetária já elevada, reforça sua credibilidade.

“A alta adicional demonstra cautela adicional do Comitê e deve ser um fator de auxílio na continuidade do processo de reancoragem das expectativas de inflação. Ao mesmo tempo, a perspectiva de um comitê mais ‘hawkish‘ pode corrigir um pouco da inversão recente da curva de juros, trazendo abertura para os prazos mais curtos”.

O economista pondera que a autoridade segue lidando com expectativas de inflação muito distantes do centro da meta, economia operando acima do potencial e forte incerteza no cenário externo.

A despeito do processo de desinflação recente, com enfraquecimento do dólar e queda dos preços internacionais das commodities, o cenário benigno é de fácil reversão e menos estrutural que os fatores domésticos que têm causado a resiliência nos preços de serviços.

Mesmo que tenhamos visto uma melhora grande da inflação ao longo do ano, o desafio é muito persistente por fatores domésticos”, afirma o economista.

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É cedo para falar em cortes da Selic?

O economista da Rio Bravo aponta que o mercado se divide entre a expectativa de início dos cortes na Selic no primeiro ou no segundo trimestre de 2026.

Segundo ele, com o dólar estável em R$ 5,50 e a Selic em 15%, é possível imaginar o início de cortes na taxa básica já no primeiro trimestre do próximo ano.

A projeção da casa é de que o Copom encerre 2026 com a Selic a 12,50%, após um ciclo de afrouxamento monetário de 2,50 p.p.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.