Selic a 15% por mais tempo: BC quer ‘dançar a música’ da melhora desinflacionária, diz gestor do Inter

O Banco Central brasileiro ainda quer “dançar a música” da melhora desinflacionária antes de sinalizar uma virada na política monetária, avalia o gestor de renda fixa do Inter Asset, Ian Lima.
Para ele, a autarquia tem buscado explorar ao máximo os efeitos da política restritiva sobre as expectativas, evitando movimentos precipitados.
O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 15% ao ano na reunião desta semana e sinalizou novamente que deve seguir em “patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.
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Segundo Lima, no evento Inter Invest Summit 2025, os efeitos dessa postura firme do BC começam a aparecer, ainda que de forma lenta, nas expectativas de inflação de médio e longo prazo.
Na visão dele, a retórica firme tem funcionado no campo das expectativas, mas a atividade economia ainda mostra sinais de aceleração, o que justifica a manutenção do discurso cauteloso.
A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, por sua vez, acrescenta que a evolução das expectativas de inflação dependerá também do cenário fiscal. A definição do orçamento para o próximo ano será um ponto crítico, já que o período de discussão das medidas fiscais amplia a incerteza.
“Quando tivermos uma clareza maior sobre o fiscal, poderemos ter uma ancoragem mais firme das expectativas”, afirmou.
Vitoria lembra ainda que o câmbio tem colaborado para conter a inflação, mas ressalta que o Banco Central tende a esperar uma consolidação mais clara dessa tendência de desinflação antes de mudar de postura.
O Inter vê espaço para ajustes no início do próximo ano, em janeiro, mas não espera que a Selic volte ao patamar de 8% tão cedo. “Será uma transição para uma postura menos restritiva”, afirmou Lima.