Selic alta trava mercado, mas abre oportunidades em FIIs, avaliam gestores

O ambiente de juros elevados no Brasil tem travado parte da atividade imobiliária, mas, ao mesmo tempo, tem gerado oportunidades pontuais na indústria dos fundos imobiliários. Essa foi a avaliação dos especialistas que participaram do evento Onde Investir no 2º Semestre de 2025, promovido pelo Seu Dinheiro com apoio do Money Times.
Para Pedro Bruder, gestor da Kinea, a taxa Selic em nível restritivo — atualmente em 15% ao ano — atua como um freio importante à economia, já que o custo do dinheiro desestimula novos investimentos.
“Com os juros nesse patamar, muitos projetos não saem do papel porque o empresário fica mais receoso em tomar crédito”, afirmou.
- LEIA MAIS: Em quais ações vale a pena investir? Veja as recomendações do BTG Pactual como cortesia do Money Times
Por outro lado, o gestor ressaltou que os fundos de recebíveis, em especial, conseguiram surfar e se adaptar melhor a este cenário, exigindo mais garantias e oferecendo retornos mais altos aos investidores.
“Para os FIIs atrelados ao CDI, esse aumento de juros foi positivo para a rentabilidade. Temos conseguido aproveitar o momento para fechar boas negociações, com operações mais seguras e robustas”, explicou.
Em tempos de Selic alta, quem lidera é a gestão ativa
A alta da taxa Selic também favorece a renda fixa, mas não diminui o espaço para os fundos imobiliários com boa administração. É o que defende Gabriel Barbosa, da TRX, que acredita na força da gestão ativa para manter a atratividade mesmo em um ambiente desafiador.
“Temos entregado retorno próximo de 150% do CDI ao cotista, e o que fazemos para enfrentar os juros elevados é ter uma gestão ativa de verdade”, afirmou.
Segundo Barbosa, essa administração vai além da simples compra e expansão do portfólio: a estratégia também envolve a venda de imóveis quando surgem oportunidades favoráveis. Essa postura, na visão do gestor, tem sido fundamental para destravar valor e aumentar o dividend yield.
Em 2024, o TRXF11, por exemplo, realizou vendas que somaram cerca de R$ 800 milhões. Já neste ano, foram duas operações concretizadas, com uma terceira prevista para o segundo semestre.
Fundos imobiliários descontados
Caio Araujo, analista da Empiricus Research, que esteve presente no evento, acrescentou que a dinâmica dos FIIs está atrelada, além dos juros, à política fiscal.
“A alta da Selic já terminou, mas é preciso acompanhar a inflação. E, do lado fiscal, há muita incerteza, especialmente com as eleições do ano que vem. Esse será um ponto importante para a performance das cotas nos próximos 12 meses”, apontou.
O analista relembrou que os fundos imobiliários iniciaram 2025 com preços mais descontados, mas conseguiram uma recuperação significativa no primeiro semestre, levando, inclusive, o IFIX a atingir sua máxima histórica.
Apesar disso, na visão de Araujo, ainda há oportunidades na indústria. “Hoje está mais difícil encontrar barganhas do que no começo do ano, mas elas ainda existem.”