Selic congelada: Por que os cortes só chegam em 2026, segundo a XP
Nesta quarta-feira (5), o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir o futuro dos juros no Brasil. A decisão deste mês já é esperada: o Banco Central deve manter a Selic no patamar de 15% ao ano. Para a XP, esse cenário deve se manter por mais tempo do que o inicialmente previsto.
Segundo o banco, o tom do comunicado do Copom deve ser um pouco menos hawkish que o anterior, mas ainda assim vir acompanhado de ressalvas, indicando que o trabalho está longe de ser concluído. “Acreditamos que o Comitê reforçará a necessidade de manter a taxa Selic no nível atual por um ‘período bastante prolongado'”, afirma em relatório.
A avaliação dos economistas Caio Megale, Rodolfo Margato e Alexandre Maluf é de que o fluxo de dados e notícias desde a última reunião do Copom foi majoritariamente favorável às perspectivas de inflação.
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As leituras do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) confirmaram a recente tendência de desinflação, com as pressões de preços sendo contidas pela valorização do câmbio, pelo menor custo de importação de bens e pela queda nos preços de alguns alimentos – como café, açúcar, carnes e grãos – devido às boas condições climáticas e ao aumento da produção.
Os preços internacionais do petróleo e da gasolina também contribuíram para a redução da inflação. No mês passado, a Petrobras reduziu o preço da gasolina em R$ 0,14/litro, impacto que correspondeu a -0,09 ponto percentual no IPCA de 2025.
Por outro lado, o mercado observou resultados mistos na atividade econômica. A produção industrial e as vendas no varejo perderam fôlego, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro e do quarto trimestres deve ficar próximo da estabilidade. Ao mesmo tempo, o setor de serviços segue crescendo de forma robusta, e o mercado de trabalho continua aquecido.
Além disso, a política fiscal tende a se tornar expansionista em ano eleitoral, o que deve ser considerado pela autoridade monetária.
A XP projeta que a Selic atingirá o patamar de 12% ao final de um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual, com início previsto para março de 2026. Com isso, a taxa básica se estabilizaria em torno de 7,5% em termos reais, acima do nível neutro estimado pela XP – cerca de 5,5% –, refletindo os desafios fiscais previstos para o próximo mandato presidencial.