Selic em 15%: Não vem mudança no comunicado, nem corte em dezembro ou janeiro, diz Lavarda, do HSBC
						A próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada nesta quarta-feira (5), não deve trazer mudanças no comunicado, afirma o chefe de pesquisa macroeconômica para o Brasil do HSBC, Daniel Lavarda. Ele também não prevê espaço para cortes da Selic em dezembro ou janeiro.
“Para mim está muito claro que não vem mudança no comunicado, que não vem corte em dezembro e também que não vem corte em janeiro”, afirmou Lavarda, em entrevista ao Money Times.
Segundo ele, o Banco Central (BC) não deu sinais que deve alterar a estratégia de manter a taxa básica de juros estável por um período bastante prolongado.
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O HSBC projeta que o primeiro corte da Selic ocorrerá apenas em março de 2026, começando de forma gradual, com redução de 0,25 ponto percentual, e depois acelerando para 0,50 ponto. A taxa terminal esperada é de 12,50% ao ano.
O chefe de pesquisa macroeconômica diz que o cenário de queda consistente da inflação nos últimos meses é incorporado nas projeções do banco, mas o impacto sobre as decisões do Copom é considerado limitado. Apesar das surpresas positivas, as leituras de curto prazo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) “não são muito relevantes” do ponto de vista de política monetária.
“O que é relevante é o impacto secundário desse corte de inflação de headline para uma inflação do ano que vem — que ainda é muito pequeno”, disse.
Para a atividade econômica, Lavarda destaca a desaceleração recente, mas diz que a revisão baixista para a atividade está terminando. “O entendimento é de que o crescimento global vai ser maior do que havia sido antecipado. Nos Estados Unidos, também, porque as tarifas e o choque que elas representariam sobre a atividade global não deve ser tão significativo.”
A incerteza no cenário fiscal do país também pesa nas decisões da política monetária. Lavarda destaca que, no primeiro semestre deste ano, a política fiscal apresentou um viés contracionista, em parte devido à aprovação tardia do orçamento. No entanto, com a aproximação do período eleitoral, a antecipação de gastos de União, Estados e municípios deve gerar um impulso relevante para a atividade econômica no início do próximo ano.
Além disso, o buraco orçamentário “significativo” para o ano que vem aumenta a probabilidade de ajustes fiscais futuros e reforça a necessidade de cautela.”O gap precisa ser equacionado: ou o governo encontra receitas e controla as despesas, ou flexibiliza a meta de maneira implícita, colocando coisas embaixo do capacho, ou muda a meta.”
“Antecipar o corte, se as condições não tiverem claras de uma maneira muito exuberante, é comprar um problema, que eu acho que não é função do Banco Central fazer”, afirmou.
Pressão do governo para cortes da Selic
Lavarda, do HSBC, vê com preocupação a pressão do governo para flexibilizar a política monetária. “Começa-se a vizinhar algum tipo de pressão nesse sentido”, disse.
“Mesmo que as condições estejam dadas — o mercado de trabalho comece a enfraquecer e a inflação a melhorar –, se tiver uma pressão em cima do Banco Central, a leitura do mercado vai ser que é uma ingerência política”, afirmou.
Além disso, ele diz que deve comprometer a credibilidade que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, se esforçou para conseguir construir.
O chefe de pesquisa macroeconômica destaca ainda que o ambiente internacional está mais condescendente com esse tipo de história”, uma vez que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado o Federal Reserve para cortar juros.
Apesar disso, a análise é de que o BC não cederá à pressão. “Se for uma pressão não justificável, ele não deve ceder.”