Agenda econômica: Semana tem IBC-Br, varejo brasileiro, inflação nos EUA e mais

A terceira semana de outubro contará com a divulgação de alguns dados macroeconômicos importantes no Brasil e nos Estados Unidos.
Por aqui, o Banco Central divulga, na quinta-feira (16), o IBC-Br de agosto, considerado a “prévia do produto interno bruto (PIB). Na quarta, o IBGE divulgadados do varejo brasileiro do mesmo mês.
Nos Estados Unidos, na quarta-feira, há a divulgação da inflação ao consumidor de setembro.
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Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) deve recuperar parte das perdas
Projetamos alta de 0,38% em agosto, após o recuo de 0,53% no mês anterior, refletindo uma recomposição parcial da atividade. O resultado incorpora o avanço de 0,8% da produção industrial, já divulgado pelo IBGE, além das estimativas de crescimento de 0,3% nas vendas do varejo e 0,2% nos serviços.
Caso confirmadas, essas variações indicarão interrupção da sequência de quatro quedas consecutivas no comércio e a sétima alta mensal seguida no setor de serviços. Parte desse impulso decorre do efeito do pagamento de precatórios em julho, que pode ter influenciado o nível de consumo no mês.
Ainda que positivo, o dado sugere uma expansão pontual da atividade, sem alterar de forma relevante a tendência de desaceleração gradual do ciclo econômico.
IGP-10: terceira alta consecutiva
O IGP-10 deve registrar a terceira alta consecutiva em outubro. Após uma longa sequência de deflações no fim do primeiro semestre e diante da recomposição gradual dos preços ao produtor, o índice consolida um movimento de correção no segundo semestre de 2025. A projeção da Análise Econômica aponta para alta de 0,44% na margem, resultando em variação anualizada de 1,97%.
Apesar do avanço recente, mantemos a estimativa de variação anual negativa de 0,23% ao final de 2025, refletindo o caráter ainda limitado da recuperação de preços. A valorização do câmbio, o comportamento benigno das commodities agrícolas e a atenuação da deflação nos produtos industriais têm moderado o ritmo de alta, sinalizando um processo de normalização dos preços sem pressões inflacionárias significativas.
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EUA: inflação ainda preocupa
A inflação ao consumidor nos Estados Unidos segue em foco, e os dados de setembro e outubro podem colocar o IPC norte-americano em patamares mais elevados. A ata mais recente do Federal Reserve mostrou que a maioria dos dirigentes ainda vê riscos de alta inflacionária, e a divulgação do IPC deve confirmar essa tendência.
A expectativa é que tanto o índice cheio quanto o núcleo fiquem próximos de 3,0%, ainda distantes da meta de 2,0%. Esse afastamento pode reduzir o ímpeto do Fed em cortar juros, embora esse cenário ainda seja o menos provável. Se os modelos de predição do Fed estiverem corretos, os EUA caminham para uma das maiores variações trimestrais de inflação dos últimos meses.
Mercado de trabalho norte-americano
O mercado de trabalho dos EUA deve continuar apresentando sinais de fraqueza. Os dados mais recentes indicam uma desaceleração mais acentuada, tendência que deve se manter. As principais causas seguem presentes: deportações de imigrantes, tarifas adicionais e demissões no setor público.
Caso o desaquecimento se confirme, o Fed tende a manter a política de afrouxamento monetário (redução dos juros) para evitar uma deterioração mais rápida da economia. Embora haja um apagão de dados por conta do shutdown, modelos estatísticos apontam para um payroll ainda mais fraco em setembro.
Europa: indústria em estagnação
A produção industrial da Zona do Euro deve reforçar a tendência de estagnação. Os dados da Alemanha — maior economia do bloco — apontam para uma desaceleração mais intensa, o que deve impactar o desempenho geral da região.
A situação só não é mais grave devido ao bom desempenho industrial da Espanha. Nesse contexto, a piora recente do cenário econômico europeu pode levar o Banco Central Europeu (BCE) a retomar o ciclo de cortes de juros ainda este ano.
China: superávit comercial robusto
O superávit comercial da China deve continuar robusto. Apesar das tarifas impostas pelos Estados Unidos, o país tem conseguido mitigar os impactos sobre suas exportações ao diversificar mercados, buscando novos parceiros comerciais na Europa e entre os membros da ASEAN.
As importações, por outro lado, seguem contidas pela fraqueza da demanda interna. O crescimento mais rápido das exportações em relação às importações deve garantir um superávit próximo de US$ 100 bilhões. Esses dados serão fundamentais para orientar os próximos passos do Banco do Povo da China, especialmente no que diz respeito à política de juros.