Política

Sergio Moro pede demissão: “meu compromisso era o combate à corrupção”

24 abr 2020, 11:56 - atualizado em 24 abr 2020, 12:45
Sérgio Moro
Metralhadora: Moro sai do governo, levantando diversas dúvidas sobre o comportamento do presidente (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

Sergio Moro anunciou, em pronunciamento à imprensa, que apresentará sua carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro, após a exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, publicada nesta madrugada pelo Diário Oficial da União.

Moro deixa o governo om fortes críticas à postura de Bolsonaro em relação à PF. O ex-juiz da Lava Jato afirmou, categoricamente, que não assinou a demissão de Valeixo, como consta no texto publicado no DOU. “Não assinei essa exoneração. Em nenhum momento, isso me foi trazido”.

Moro interpreta o caso como um sinal claro de Bolsonaro de que seu tempo na Esplanada dos Ministérios chegou ao fim. “Para mim, essa é uma sinalização de que o presidente me quer mesmo fora do cargo”, disse.

Interferência política

Moro também criticou o desejo de Bolsonaro de nomear um chefe para a PF ao qual tenha acesso direto. O ex-juiz relatou que o presidente manifestou, claramente, a intenção de poder ligar diretamente para o diretor geral, obter informações, documentos e outros dados sobre investigações em andamento.

O agora ex-ministro afirma que não é papel da PF prestar esse tipo de informações a políticos, e convidou os ouvintes a imaginar o que aconteceria se, durante a Lava Jato, a ex-presidente Dilma Rosseff e seus ministros tivessem essa prerrogativa.

O ministro demissionário ressaltou, diversas vezes, que o problema não era a troca, em si, do diretor-geral da PF, mas o motivo. Segundo Moro, uma substituição só seria aceitável, em casos de erros graves cometidos por Valeixo.

“O problema não é trocar, mas por que trocar? E, daí, permitir a interferência política na Polícia Federal”, afirma. Moro observou que propôs a indicação de um nome técnico para substituir Valeixo, mas a sugestão foi recusada pelo Planalto.

Reação

“Entendendo que essa troca levaria a relações impróprias entre o presidente, o diretor-geral da PF e seus superintendentes, vou encaminhar minha carta de demissão. Não tenho condições de continuar nessa situação”, disse.

O mercado reagiu rapidamente à renúncia de Sergio Moro ao cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, anunciada nesta sexta-feira (24). Por volta das 11h55, o Ibovespa caía 6,69% a 74.341 pontos.

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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