Vacinas

Servidor exonerado da Saúde nega pedido de propina e pressão por Covaxin

07 jul 2021, 10:54 - atualizado em 07 jul 2021, 12:24
Dominguetti na CPI acusou Roberto Ferreira Dias de pedir propina para compra das vacinas AstraZeneca e Covaxin (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O servidor exonerado do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias negou em depoimento à CPI da Covid no Senado nesta quarta-feira que tenha pedido propina ao ex-cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Dominguetti em troca da assinatura de um contrato para compra de vacinas da AstraZeneca e que tenha pressionado um servidor da pasta a favor da vacina Covaxin.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Dias, que foi exonerado do cargo de diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde após ser acusado de pedir propina a Dominguetti, que alegava representar uma empresa disposta a vender vacinas ao governo, disse que o encontro que teve com Dominguetti em um restaurante em um shopping de Brasília foi “incidental”.

De acordo com o servidor exonerado, ele havia ido ao local tomar um chopp com um amigo e, quando lá estava, o coronel do Exército Marcelo Blanco, com quem trabalhou no ministério, apareceu e lhe apresentou Dominguetti.

O cabo da PM de Minas, então, teria lhe dito que teria 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra Covid-19 a vender ao governo e Dias respondeu que já tinha ouvido sobre o assunto, mas que faltavam documentos para dar andamento. Dominguetti teria respondido que tinha os documentos e foi marcada uma reunião no dia seguinte na sede da pasta.

“Chegando ao ministério, o senhor Dominguetti foi atendido por mim na presença de outra servidora. Os documentos se mostraram mais do mesmo, não havia carta de representação do fabricante. Entretanto, o mesmo alegou que a receberia em instantes. Disse então que possuía outra agenda, mas que, se ele quisesse aguardar, ficasse à vontade na sala ao lado”, contou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Tempos depois, o mesmo se despediu, disse que teria que ir embora, e nunca mais tive notícias, como de diversos outros ofertantes de vacina”, disse.

“Nunca pedi nenhum tipo de vantagem ao sr. Dominguetti e nem a ninguém.”

Dias também foi acusado pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e pelo irmão do parlamentar, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, de exercer pressão a favor da compra da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin. O servidor exonerado também negou a acusação e chamou Luis Miranda de “picareta”.

“Acerca da denúncia do deputado Luis Miranda a respeito da Covaxin, não tive participação alguma na escolha da empresa, do produto, dos quantitativos disponíveis, do cronograma de entrega ou da definição de preço, nem tampouco condições contratuais, a mim cabendo, no âmbito das vacinas Covid-19, atos ordinários para a consecução do processo administrativo e medidas operacionais de logística”, disse.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Dias também foi acusado pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e pelo irmão (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

“Friso: nunca houve pressão minha sobre o funcionário, muito menos aquela mensagem retrata tal fato”, disse, referindo-se a uma mensagem apresentada à CPI enviada por ele a Luis Ricardo Miranda que, segundo Dias, se referia à chegada ao Brasil de um lote da vacina da AstraZeneca, e não à Covaxin.

No depoimento à CPI, Dias também afirmou que não foi indicado ao cargo que ocupava pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), admitiu ter exercido cargos de confiança no governo do Paraná quando a esposa de Barros, Cida Borghetti, foi governadora e disse que sua relação com o líder do governo é “uma relação como Parlamentar do Estado de origem, de onde eu venho” e disse conhecer Barros.

Ele disse que teve o nome indicado ao cargo em 2018 pelo ex-deputado federal Abelardo Lupion ao então deputado federal Luiz Henrique Mandetta, que assumiria o comando do Ministério da Saúde no governo do presidente Jair Bolsonaro e que foi mantido no posto pelos ministros que sucederam Mandetta até ser exonerado.

Luis Miranda disse no depoimento que deu à CPI que alertou o presidente Jair Bolsonaro sobre alegadas irregularidades em relação à Covaxin e ouviu do presidente que Barros estaria envolvido. Barros nega quaisquer irregularidades.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Após essas denúncias, o Ministério da Saúde suspendeu o contrato para compra da Covaxin e o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação sobre o caso.

Por causa da afirmação de Miranda de que alertou Bolsonaro sobre possíveis irregularidades envolvendo a Covaxin, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Procuradoria-Geral da República a investigar o presidente pelo suposto crime de prevaricação.

Compartilhar

A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.