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Setor de siderurgia reserva duas ações para comprar agora

24 dez 2020, 20:53 - atualizado em 25 dez 2020, 13:28
Indústria Manufatura Siderurgia
Mesmo com o coronavírus paralisando a economia por meses, o setor conseguiu superar as dificuldades e caminha o ano para fechar no positivo (Imagem: Reuters/Timothy Aeppel)

Neste ano, as empresas de siderurgia não tiveram do que reclamar, embora o coronavírus siga como uma ameaça no retrovisor. A alta demanda pelo aço puxou os preços da commodity, e consequentemente, os resultados das empresas do setor.

O Inter Research iniciou a cobertura das três principais companhias: Gerdau (GGBR3;GGBR4), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5).

“Com os ventos a favor, em 2019 os volumes de produção e vendas de aço avançaram mais rapidamente e, para 2020, era esperado o ano de recuperação da siderurgia no país”, afirmaram os analistas Gabriela Cortez Jouber e Athos Nolasco.

Mesmo com o coronavírus paralisando a economia por meses, o setor conseguiu superar as dificuldades e caminha para fechar o ano no azul.

“Após o susto inicial, a demanda nos principais setores consumidores de aço, principalmente construção e bens de capital seguiu avançando”, argumentam.

Segundo a dupla, os investimentos em grandes projetos, principalmente em mineração e óleo e gás, impulsionaram a demanda em toda a cadeia.

“A indústria siderúrgica observou a tão falada recuperação em “V” com os volumes mensais de produção no segundo semestre já acima de 2019”, complementam.

E qual empresa melhor se beneficiou desse “boom”? Veja a seguir:

CSN

A CSN atua em toda a cadeia produtiva do aço, desde a extração do minério de ferro, até a produção e comercialização de uma diversificada linha de produtos siderúrgicos de alto valor agregado, incluindo aços planos revestidos galvanizados e folhas metálicas.

De acordo com os analistas, embora tenha conseguido elevar suas vendas de aço para patamares próximos a pré-crise, a companhia viu suas margens comprimirem em razão de uma extensa e gigante reforma em seu alto forno, ocorrida no primeiro trimestre de 2019.

CSN
A companhia tem também um projeto ambicioso de expansão, por meio do já famoso e antigo Projeto Itabiritos (Imagem: Divulgação/CSN)

“Assim, ao longo do ano, vimos as margens elevarem, mas ainda abaixo dos níveis históricos”, completaram.

Puxado pela alta demanda do mercado internacional, os volumes de vendas saíram de 33Mt (megatoneladas) em 2017 para 38Mt em 2019.

Neste mesmo ano, o Ebitda da mineração representou 82% de todo o Ebitda da companhia e a CSN passou a ser comercializada mais como uma mineradora do que uma siderúrgica.

IPO da CSN Mineração

A CSN anunciou a abertura de capital da CSN Mineração, que deverá ocorrer em 2021. O IPO (Oferta Pública de Ações, em português) visa levantar recursos para a conclusão do processo de desalavancagem da companhia, mas, na visão da dupla, também deverá gerar enorme valor aos acionistas.

Além disso, a empresa tem um projeto ambicioso de expansão, por meio do já famoso e antigo Projeto Itabiritos.

Com este empreendimento, a CSN pretende chegar a uma capacidade de produção anual de 108Mt em 2032, caindo para 99Mt a partir de então, e fornecendo produtos com teor de ferro em torno de 67%.

“Dessa forma, a companhia se consolidaria como não apenas uma grande exportadora, mas uma exportadora premium”, destacam.

Para 2021, a dupla prevê manutenção da demanda doméstica aquecida, com a siderurgia bastante beneficiada ao longo do ano, mantendo o ritmo de recuperação iniciado em 2019.

Apesar disso, o investidor precisa ficar de olho nos riscos de execução do seu plano de crescimento, principalmente na mineração, o que poderia afetar boa parte de sua tese de investimentos.

“Vemos a CSN entrando em nova fase de crescimento, abandonando as amarras do passado, após conclusão de seu processo de recuperação”, argumentam.

A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 36, o que implica potencial de valorização de 17%.

Gerdau
A Gerdau tem investido pesadamente em tecnologia, com diversas iniciativas que surgiram nos laboratórios da empresa com foco em novos negócios e rentabilidade (Imagem: YouTube/Gerdau)

Gerdau

A Gerdau é a maior empresa brasileira produtora de aço e uma das principais fornecedoras de aços longos das Américas e de aços especiais no mundo. Está presente em dez países e conta com cerca de 30 mil colaboradores.

Entre os pontos positivos que os analistas destacam, está a constante inovação da companhia. “Desde 2018, a Gerdau vem passando por uma transformação cultural que transformou a empresa em uma das siderúrgicas mais inovadoras e modernas do mundo”, observam.

A Gerdau tem investido pesadamente em tecnologia, com diversas iniciativas que surgiram nos laboratórios da empresa com foco em novos negócios e rentabilidade.

Um exemplo disso foi o impacto da tecnologia nas despesas gerais e administrativas, que saiu de 5,9% da receita líquida em 2015 para 3,6% em 2019, um dos mais baixos percentuais na indústria, destacam.

“Acreditamos que a transformação cultural observada nos últimos anos pavimenta o caminho para a Gerdau em um futuro onde tecnologia e inovação caminham lado a lado”, diz trecho do relatório.

No Brasil, o setor de construção deverá seguir crescendo, com a retomada das obras, reposição dos estoques e o varejo ainda puxando a demanda.

“Vemos espaço para que as empresas anunciem elevação de preços na cadeia, repassando parte da elevação dos custos de matérias-primas, principalmente minério de ferro”, dizem.

Entre os riscos da companhia, está uma mudança de postura do novo presidente americano Joe Biden. A Gerdau se beneficiou da chamada Section 232, sancionada por Trump, durante seu governo.

“Caso o novo governo reveja as políticas anti-truste no país, podemos ver maior entrada de produtos importados e possível queda nos preços, prejudicando as margens na região”, afirmam.

Nos EUA, a Gerdau é líder em vigas e na comercialização de aço. Conta com 10 usinas e 21 pátios de sucata no país.

“Vemos a Gerdau como a mais bem posicionada no setor, devido à sua alta diversificação tanto geográfica, como de produtos”, completam.

O Inter Reserach estabeleceu o preço-alvo da empresa em R$ 29, o que implica potencial de valorização de 19%, com recomendação de compra.

Usiminas
Depois de passar por momento difíceis em 2016, com trocas frequentes de presidentes, e com o segmento automotivo em crise, a companhia parece ter encontrado “o caminho das pedras” (Imagem: YouTube/Usiminas)

Usiminas

A Usiminas se destaca como uma das maiores produtoras de aços planos do Brasil, com operações em diversos segmentos da cadeia, como mineração (MUSA), logística, bens de capital, centros de serviços e distribuição de soluções customizadas.

Depois de passar por momentos difíceis em 2016, com trocas frequentes de presidentes e com o segmento automotivo em crise, a companhia parece ter encontrado “o caminho das pedras”.

“Após momentos críticos em 2016, vemos a companhia mais forte e reestruturada apta a seguir com suas operações e trazendo resultados e retornos positivos trimestre a trimestre”, observam.

Mesmo com os efeitos negativos da indústria automobilística em 2019, a empresa foi capaz de entregar bons resultados.

“Com o mercado e a indústria como um todo recuperando em 2021, vemos a Usiminas também expandindo vendas, acompanhando o crescimento do mercado”, afirmam.

Os riscos da Usiminas incluem uma nova desavença entre os controladores, que poderiam por a perder todo o trabalho feito pela companhia até o momento, e o arrefecimento da economia local, bem como menores vendas no setor automotivo.

O Inter Research estabeleceu o preço-alvo em R$ 12, com recomendação de venda.

“Em nosso modelo, já estamos contemplando as maiores vendas em 2021 devido a melhora do cenário econômico, bem como os melhores resultados com a mineração. Portanto, na ausência de outros drivers que possam alavancar o valuation da companhia e estando nosso preço abaixo do comercializado pelo mercado, justificamos a recomendação de venda para o papel”, argumentam.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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