Coluna da Yolanda Fordelone

Seu estilo de vida reduz as chances de uma boa aposentadoria? Eis 2 contas que você deve fazer

21 jul 2023, 15:25 - atualizado em 21 jul 2023, 15:25
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Aquela pizza semanal pode custar anos de uma aposentadoria confortável, lembra Yolanda Fordelone (Imagem: Facebook/Domino’s Pizza)

Ninguém gosta de encarar o “eu do futuro”, vamos falar a verdade? Parece alguém distante, um completo desconhecido. Surge daí a dificuldade de economizar para a aposentadoria. Quando você se depara com alguma reportagem ou post falando para investir para daqui algumas décadas, não há empatia. É difícil nos imaginarmos mais velhos.

Se não há identificação com o seu eu mais velho, não há incentivo para guardar dinheiro. Afinal, “o futuro a Deus pertence”, pensam os mais consumistas. A coluna de hoje separou duas contas que podem te ajudar na tarefa de economizar, sobretudo se você tem tido dificuldade nesta área.

O primeiro ponto sobre o qual você deveria refletir é se não se acostumou a encarar confortos como gastos fixos. Restaurantes, streamings e compras entram no orçamento por um lado; pelo outro, sai o dinheiro que deveria estar sendo investido para o futuro.

Ralamos muito para ganhar nosso dinheiro. Por isso mesmo, é muito fácil cair na armadilha de se recompensar conforme formos ganhando mais. Vamos nos presenteando para a rotina se tornar mais agradável.

Uma vez que se acostumou a ter o produto ou serviço, fica cada vez mais difícil cortar. Trata-se do viés cognitivo da posse, pelo qual supervalorizamos o que temos e resistimos a mudanças.

Gasto anual

Para quem sofre ao cortar gastos, a primeira conta que pode ser feita é o cálculo de quanto custa um ano de tal conforto ou hábito.

Traduzindo, despesas mensais podem ser multiplicadas por 12 meses. Assim, um streaming de R$ 30 se torna R$ 360 ao fim de um ano. Uma pizza de R$ 50 representa mais R$ 600 adicionados ao orçamento anual.

Se a despesa é semanal, a conta deve ser feita multiplicando o valor por 52, ou seja, pelo número de semanas no ano. A saída de R$ 200 no fim de semana te custa R$ 10.400 no ano.

A mágica desta conta é que a pessoa percebe que pequenos cortes podem representar grandes economias em um ano.

Peso na aposentadoria

A segunda conta não é tão falada entre educadores financeiros, mas é igualmente simples. O cálculo envolve você entender o quanto o valor do gasto atual representa da poupança da aposentadoria. Em outras palavras, se você não comprasse e investisse o dinheiro, quanto conseguiria juntar?

A resposta, obviamente, depende do tempo em questão. É muito diferente você calcular um rendimento por cinco anos ou por cinquenta. Como estamos falando de se aposentar, algo que geralmente envolve o longo prazo, comecemos pensando em um plano que será efetivado em 20 anos.

Um gasto de R$ 100 representará R$ 672 da sua aposentadoria em duas décadas. Ou seja, basta multiplicar o valor por 6,7. Assim, R$ 500 pagos em um show são R$ 3.350 retirados do plano de aposentadoria.

Caso você tenha ainda mais tempo até a aposentadoria (mais 30 anos), um gasto do “eu do presente” representa 17,44 vezes mais no futuro. Voltando ao exemplo da pizza, R$ 50 equivalem a R$ 872 daqui três décadas. Um gasto de R$ 1 mil vira R$ 17.440.

Todas as contas consideram um rendimento de 10% ao ano, algo factível de conseguir no Brasil, onde a renda fixa costuma pagar bem. Essa taxa, inclusive, foi a média do juro do país na última década.

Frear o consumo

Se fizer as duas contas com valores reais do seu orçamento, com certeza tomará um susto. Isso significa que você irá cortar todos os gastos e viver sem nenhum prazer? Com certeza não.

Viver sem nenhum gasto com diversão é impossível e insustentável a longo prazo. Você até pode começar empolgado, mas com o tempo ficará com a sensação de viver apenas para pagar boletos. Nesse momento, surge a vontade de se recompensar por todo o esforço. A economia vai por água abaixo.

Ainda assim, as duas contas apresentadas hoje funcionam como uma boa peneira. Elas te ajudam a pensar o que faz sentido, separar o que está pesando demais do orçamento e que pode ser peneirado do que te traz realmente prazer e será mantido.

De fato, algumas despesas podem fazer sentido no presente porque te fazem feliz. Se para atingir certa satisfação você está tendo um padrão de gastos cada vez maior, atenção: talvez esteja em uma bola de neve negativa de gastos e postergando uma decisão que terá de tomar em algum momento, a de rever os gastos.

 

Jornalista e economista. Já atuou em redações de jornal, fintech e faculdade de economia. Atualmente cria conteúdos no canal Econoweek, além de compartilhar sua rotina financeira no Instagram
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