Dólar

Sidnei Nehme: Câmbio em patamar sustentável com fundamentos, sem exigir intervenção do BC

17 jul 2018, 8:55 - atualizado em 17 jul 2018, 8:55

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

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Entendemos que o preço da moeda americana no nosso mercado esteja dentro da faixa de equilíbrio no intervalo entre R$ 3,80 a R$ 3,95, e é o que tem sido observado, não havendo incremento nas demandas por proteção câmbio e/ou no mercado à vista, únicas razões que poderão vir a determinar intervenção do BC no câmbio proporcionando liquidez, de vez que de outra forma não tem como interferir na formação do preço.

Passada a Copa do Mundo, o foco maior será nos fatores internos do país que concentrarão doravante toda a atenção, seja a dinâmica cadente e com fraquíssimas perspectivas da atividade econômica, seja maior observância da crise fiscal já com foco ampliado até o novo governo que teve agravamento com as recentes decisões do Congresso em torno da LDO, seja pela efervescência dos debates e definições e indefinições no entorno das candidaturas à sucessão presidencial, tendo à margem desconfortável insegurança jurídica em torno da eventual candidatura do ex-Presidente, considerada inviável mas ainda não peremptória.

O IBC-BR (Índice de Atividade Econômica) do BC de maio registrou queda de 3,34% e a razão é atribuída, novamente, aos impactos da greve dos caminhoneiros, o que acreditamos seja uma verdade parcial, visto que a economia brasileira já vinha vinda “ladeira a baixo” e naturalmente ganhou impulso maior com aquele evento de grandes repercussões. Nos últimos 12 meses o índice acumula crescimento de 1,13% e no ano até maio acumula 0,73%.

O FMI considerando as incertezas políticas e o prolongado efeito da greve dos caminhoneiros cortou 0,5% na sua projeção para o crescimento do PIB brasileiro, agora em 1,8%.

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O Boletim FOCUS divulgado hoje pelo BC aponta projeção declinante do PIB, agora em 1,5%.

Contudo, já há projeções mais contundentes que situam a perspectiva de crescimento do PIB em torno de 1,0%, considerando que a tendência da atividade econômica é declinante e que o quadro sucessório indefinido e com grande grau de preocupação sobre quem será o próximo Presidente exerce fator altamente neutralizante de investimentos, geração de empregos e concomitantemente renda.

Este enfoque tem levado analistas considerados, ainda que com certo retardamento, a admitir que a economia brasileira perca apelo de forma consistente e isto deve impactar no mercado de ações.

A inflação deverá passar a ter maior atenção e percepção mais aguda por parte do mercado, visto que gradualmente vem se mostrando aquecida, embora com causa atribuída a greve dos caminhoneiros, o que pode não ser uma verdade absoluta e vir a exigir algum ajuste na taxa de juro por parte do COPOM, contrariando as expectativas, sendo importante relembrar que o BC cautelosamente deixou de ser preditivo neste quesito.

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Os fatores externos que causam, no curtíssimo prazo, mais ruídos do que efeitos continuam fluindo do conflito comercial entre Estados Unidos e China, que demandará um tempo maior para que suas consequências sejam corretamente avaliadas. O FMI emitiu alerta indicando que os Estados Unidos estão vulneráveis num cenário de intensificação de disputas.

O comportamento da atividade econômica americana pode vir a impor ao FED mais do que duas correções no juro este ano caso a inflação se torne aquecida, mas até o consenso atual os presumíveis efeitos externos sobre o câmbio no Brasil parecem precificados e não deve haver exacerbação no preço da moeda americana, pois o BC tem mecanismos apropriados para gerar liquidez.

É esperada a intensificação de saídas dos recursos estrangeiros lotados como investimentos no país, em especial os especulativos, mas num processo sem crise cambial, acreditando-se que estejam folgadamente protegidos com “hedge” e o BC, de forma pontual, deverá gerar liquidez no mercado de câmbio a vista, com a concessão de empréstimos em moeda estrangeira com recompra ao sistema bancário autorizado a operar em câmbio.

Queremos crer que o fator, central e preponderante, que poderá causar algum impacto desfavorável no câmbio elevando o preço acima do intervalo que projetamos, se ocorrer, terá origem nos acirramentos partidários eleitorais e em torno da candidatura ou não do ex-Presidente Lula.

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A recente decisão do Congresso Nacional em torno da LDO e concessões agravantes ao relevante problema fiscal do país poderá ganhar ênfase maior, se o candidato que pontificar na linha sucessória não tiver perfil reformista.

Esta questão de natureza política e fiscal poderá impactar no conceito risco do país e, desta forma, exercer pressão sobre o preço da moeda no nosso mercado, e, neste caso os mecanismos de intervenção do BC são ineficazes por não alcançar a cerne do problema.

Doravante deverá aumentar em muito a postura sensata e defensiva dos “players” do mercado, podendo ter início ao final deste mês ou início de agosto movimento mais acentuado de saída dos investidores estrangeiros da Bovespa.

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sidnei.nehme@moneytimes.com.br
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