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Sidnei Nehme: Cenário binário sugere que otimismo não ignore riscos de reversão de expectativas

16 jan 2018, 12:00 - atualizado em 16 jan 2018, 12:00

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

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O mercado financeiro mantém o otimismo expressado pela alta continua na Bovespa e preço do dólar contido, mas é preciso ter sensatez para não perder de vista que há riscos relevantes na trajetória brasileira para 2018 com potencial para impor forte reversão de expectativas.

Até o momento, toda euforia se mantém ancorada por dados obtidos em 2017, que o próprio Ministério da Fazenda reconheceu não serem sustentáveis se não houver a aprovação das reformas propostas, e até o presente inviabilizadas, o que reduz os fundamentos mais a anseios e esperanças do que lastreados com dados concretos.

A Bovespa segue em sua trajetória de alta, registrando ingressos de investidores estrangeiros, em sua grande maioria especuladora em busca de ganho fácil e rápido, mas este movimento é carente de efetivas perspectivas fundamentadas. E movimento está incitando inúmeras empresas a considerar a possibilidade de realizarem IPO´s tentando aproveitar os “ventos favoráveis”.

Todavia, é importante que haja ao mesmo tempo postura previdente e cautelar já que a enorme quantidade de riscos adiante tem porte para provocar reversão de expectativas, e, desarmar todo este cenário favorável de forma muito mais rápida do que o tempo dispendido para ser construído.

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O cenário é binário, e neste contexto ser precavido necessariamente faz parte do jogo, sem o que o risco de perdas fica acentuado.

O país tem desafios enormes no campo político para poder avançar no objetivo de consolidar as reformas imprescindíveis, sem o que tudo o mais estará vulnerável e sem sustentabilidade, pois a crise fiscal brasileira se não resolvida será devastadora a todas as intenções do governo, não só para este ano mas já atingindo 2019.

E para aprovar as reformas que poderão viabilizar o equilíbrio fiscal, entre as quais a previdenciária, precisa equacionar o apoio político que lhe falta, tarefa árdua num ano eleitoral que sugere forte acirramento entre as várias correntes partidárias.

Afora os problemas de natureza fiscal, que podem levar o país a ter novos rebaixamentos por parte de outras agências de rating se não aprovadas, com fortes repercussões na dinâmica da atividade econômica, a questão eleitoral que vem sendo considerada, no nosso ponto de vista, de forma discreta, poderá ter impactos consideráveis no “humor predominante” e provocar posturas empresariais e de investidores, de todos os tipos, mais defensivos, o que pode determinar retirada de recursos do país.

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O risco de turbulências quer no campo econômico, dependente das reformas, e no campo político, dado a absoluta indefinição quanto a candidatos ao cargo maior executivo, altamente contaminado pelos ruídos que poderão e certamente virão do entorno do ex-Presidente Lula, que poderão ser perturbadores e que ainda não estão adequadamente precificados, pode ser paralisante do entusiasmo em torno de 2018, e postergar todas as decisões de empresários e investidores para 2019, já com o novo governo.

No nosso entender em relação a este ano de 2018 nada é definitivo ou seguramente viável, pois tendo o ambiente característico binário, o comportamento positivo pode ser rapidamente revertido a negativo, e riscos há com este potencial.

O rebaixamento de rating do Brasil por parte da S&P, embora minimizado não possa ser ignorado como uma sinalização pontual, e a despeito das manifestações subsequentes do Ministro da Fazenda de que a recuperação de ratings por parte do Brasil é uma questão de tempo, não se deve considerar algo factível tão rapidamente, pois há o risco de novos rebaixamentos por outras agências.

Nossa percepção ante o cenário prospectivo de curto prazo, envolvendo os ruídos em torno do julgamento do ex-Presidente Lula e suas repercussões no âmbito político, e, os embates do governo com o Congresso Nacional focando aprovar as reformas, enfrentando posicionamentos sectários de alguns partidos e mesmo de políticos, sugere que o preço do dólar atinja R$ 3,50 no final do 1º trimestre.

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Neste momento é muito difícil prognosticar preço para o final do ano, pois com este ambiente binário, há inúmeras variáveis para o bem e para o mal que podem impactar, sendo absolutamente inviável qualquer projeção confiável.

É absolutamente necessário que haja acompanhamento com grande acuidade do comportamento dos inúmeros vetores de influência.

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