Opinião

Sidnei Nehme: Convergência do mercado para o otimismo ocorre de forma sensata

09 abr 2019, 6:02 - atualizado em 09 abr 2019, 6:02

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

O mercado financeiro emite sinais, ainda que lentos, mas evidenciando sensatez na direção de ajuste mais equânime com o ambiente atual em torno das discussões e embates envolvendo a tramitação da Reforma da Previdência.

O “sentimento” é que não há consistência sinérgica entre as pesquisas de opinião e a percepção mais atual da postura dos agentes econômicos, sendo perceptível a revisão de humor para melhor do mercado financeiro em relação às últimas posições que vêm sendo adotadas pelo Governo.

A iniciativa do governo em discutir de forma mais próxima com os partidos políticos, manifestando a clara intenção de articular com diálogos e ajustes a tramitação da Reforma da Previdência, leva o ambiente entre Governo e Congresso a sinalizar que ficará mais “leve” e, portanto mais viável.

Cresce a percepção de que aprovar a Reforma da Previdência é absolutamente vital para o Brasil viabilizar planos de governo focando o desenvolvimento do país e colocá-lo no ritmo desejado e almejado por todos. Desta forma, ocorre o convencimento de que todo o conjunto de reivindicações, que vem sendo pontuadas com ênfase por inúmeros setores tem como fato antecedente obrigatório a aprovação de uma Reforma da Previdência.

Não há como inverter a ordem dos fatores, até porque a crise fiscal é absolutamente neutralizante de qualquer iniciativa visando o desenvolvimento sustentável do crescimento econômico, do qual é dependente a geração de emprego, renda e consumo.

Ocorre ainda um gama de reivindicações “no sense”, visto que com a situação atual não há condições de gerar emprego, renda e consumo, mas a realidade vem ficando visível para as classes menos esclarecidas e fortemente açodadas por setores corporativistas ou meramente ideológicos.

Há um enorme anseio pela melhora, mas baixo entendimento de que para melhorar são necessários ajustes imprescindíveis.

A Bovespa convive com volatilidade porque é dependente da performance econômica do país, e o momento sugere que se mantenha estável sem viés de alta ou baixa, até que ocorra melhor percepção da resultante da Reforma da Previdência, que certamente deverá incentivar os investidores externos a direcionar recursos para o Brasil.

O dólar está fora do ponto, ainda que se considere estranha a resistência que evidencia no exterior quando se esperava fragilização, mas no Brasil está muito exacerbado em seu preço, consequência de movimento especulativo pontual e insustentável no mercado de câmbio futuro, e o preço local alinhado com o “status” brasileiro” em nossa opinião continua sendo R$ 3,75.

Consideramos um crasso equívoco apostar contra o preço do dólar atualmente no Brasil, já que o país desfruta de ambiente absolutamente confortável na questão cambial.

É absolutamente crível de que havendo consistente probabilidade do Governo conseguir aprovar bem a Reforma da Previdência, terá, então, totais condições de implementar uma Reforma Tributária consistente, sempre anunciada pelos governos antecedentes, mas nunca promovida.

Na medida em que as percepções quanto as reais condições de melhora do país for crescendo, haverá maior disposição aos investimentos internos e externos no país, e então as correções imprescindíveis poderão se tornar realidade.

Tudo ao seu tempo, já que é impossível eliminar etapas inevitáveis, há firme condição do país encontrar sua recuperação de forma consolidada.

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sidnei.nehme@moneytimes.com.br
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