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Sidnei Nehme: Dólar tem preço aviltado pelo desalento e não pelo fundamento

18 abr 2019, 11:24 - atualizado em 18 abr 2019, 11:30

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Sidnei Nehme é Economista e Diretor-Executivo da NGO Associados Corretora de Câmbio

A cena política relega os temas econômicos a plano secundário e segrega movimentos pontuais que deixam evidente que há um crescente desalento, quase surdo, que se desenvolve à margem das manchetes que envolvem a Reforma da Previdência, questão central para definir a tendência de desenvolvimento do país, ainda considerada binária neste momento.

Há a percepção que a Reforma da Previdência “perdeu” o calendário e isto cria um ambiente de incertezas e dúvidas, que se acentua na medida em que se torna muito perceptível que ocorre também uma crise de confiança e/ou credibilidade entre as partes que deveriam convergir politicamente para a tramitação da matéria. Há um sentimento de que há muitas posturas sem foco nos interesses nacionais, contudo muito centrados em boicotar os avanços e protelar a tramitação burocrática da proposta de Reforma.

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O “clima” em torno das perspectivas de curto prazo fomenta o desalento, e esta situação estimula movimentos oportunos em torno de ativos do mercado financeiro brasileiro, nem sempre percebidos ou destacados de forma adequada, e que se distanciam na formação dos seus preços e/ou indicadores do fundamento.

Ocorrem frustrações com perspectivas forjadas anteriormente.

A economia não ganha fôlego, o Governo precisa definição de equacionamento da crise fiscal que o imobiliza visto que recebeu o quadro geral do país em estado deletério para ter ação, mas é fortemente cobrado de forma quase insana por resultados que não tem como conquistar, mas parte disto decorre do noviciado e ausência de lideranças governamentais efetivas e ouvidas, sendo a rara exceção o Ministro da Economia Paulo Guedes, mas à margem de sua ação ocorrem muitos erros e pronunciamentos conturbadores.

Por outro lado, há notória inexperiência de uma boa parte do Congresso, o que agrega forte contribuição para o desalento, com a quebra das expectativas.

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Então, o ativo mais visível, o dólar passa a ser objeto de foco puramente especulativo ancorado no desalento, que sugere e incrementa perspectiva bastante negativa, pelo menos no curto/médio prazo.

Não bastasse a “perda do calendário” da Reforma da Previdência, o que torna incerta a perspectiva de quando e como resultará ao final, portanto mantendo o “status quo” desapontador, os indicativos econômicos passam a repercutir as consequências e entre tantas a mais evidente é a efetiva possibilidade do PIB do 1º trimestre ser negativo, o que “colocará mais lenha na fogueira”.

Todo este conjunto de fatores políticos desagregadores e a evidência dos danos econômicos ao país, fomenta a especulação sobre o preço do dólar no mercado futuro.

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Somente na terça feira, dia 16, os estrangeiros aumentaram suas posições compradas no mercado futuro de dólar em US$ 1,4 Bi.

Em sã consciência consideramos que apostar contra o real com esta intensidade é postura arriscada, naturalmente movida pelo desalento, mas não com base no fundamento, o país não tem risco de crise cambial e está fortemente defendido, por isso o BC se mantém à margem deste movimento danoso a nossa economia porque impacta em preços relativos, e causa transtornos como no caso dos combustíveis que é atrelado a preços internacionais convertidos a preços nacionais.

No médio prazo não consideramos sustentável este preço atual claramente aviltado e distante dos fundamentos, devendo recuar quando se conseguir ter melhor visão de que tipo de Reforma da Previdência será a resultante de todo este imbróglio atual.

Não descartamos um recuo em torno de 5% do patamar atual. Por enquanto este movimento deverá persistir até porque não falta “matéria prima” para o desalento atual.

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Ontem citamos movimentos consequentes deste estado de desalento, tais como especulação sobre o preço do dólar, demanda por operações compromissadas do governo com juros pós-fixados, aumento de posições vendidas na Bovespa, e a tudo isto podemos agregar sinais novos que estão sendo emitidos pelo fluxo cambial.

No mês de março o fluxo financeiro foi negativo em US$ 7,101 Bi e agora em abril até o dia 12 já está negativo em US$ 4,150 Bi, o que indica saída de capitais estrangeiros do país, contrariando a expectativa de que neste período do ano tivéssemos registrando fluxos financeiros intensos positivos.

Os bancos estão com posições vendidas no mercado a vista do dólar em US$ 23,547 Bi até o dia 12, ancoradas parcialmente em linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra pelo Banco Central do Brasil.

A continuidade e intensificação deste movimento poderá determinar nova oferta de linhas por parte da autoridade monetária visando manter a liquidez do mercado, mas não se espera ação confrontando o movimento especulativo, a despeito dos danos que causa a economia, pois seguramente causaria um enfrentamento com os especuladores bastante desgastante, e, o BC deve ter, como nós, a convicção de que este seja um movimento sem sustentação, sendo reversível ao menor sinal positivo emitido pela tramitação da Reforma da Previdência.

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