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Sidnei Nehme: Economia e projeções ignoram perspectiva do cenário político e séria crise fiscal

12 mar 2018, 12:30 - atualizado em 12 mar 2018, 12:21

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

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O otimismo que conduz o mercado brasileiro ao “padrão Wall Street”, visto que está mais atento ao que ocorre lá do que por aqui, que assim encobre a nebulosidade presente na perspectiva para os próximos 3 trimestres no Brasil, pode determinar agravamento de riscos que precisariam ser minimizados no presente com maior cautela e precaução.

Os riscos externos estão presentes com o ritmo da economia das maiores potenciais sugerindo medidas de retração a excessiva liquidez presente nos mercados e propensão a elevação das taxas de juros, o que poderá causar “ressaca” nos mercados emergentes causando reversão do contexto atual e poderão precipitar movimentos reversivos, se não abruptos mas consistentes, já que um movimento de “sell off” determinaria a perda de rentabilidade já conquistada como consequência natural.

Esta semana serão divulgados dados da China, dos Estados Unidos e da Europa e devem acentuar a percepção de que o ritmo de suas economias continua forte.

A questão em torno da denominada guerra comercial está ainda muito primária, mas pode ter retaliações mais intensas e neste quesito os países emergentes têm baixíssima capacidade de reação.

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Temer falou no Chile sobre coisas ainda pendentes como na iminência de consolidação, como o Acordo Mercosul-EU que tem entraves que o deve continuar retardando pois quer excluir produtos potenciais que são exportados pelo Brasil e o Acordo com o Canadá que pouco poderá acrescentar pois temos potencial para exportar insumos alimentares ou de outras naturezas mas sem valor agregado e importaríamos produtos canadenses com valor agregado, mais ou menos, contudo em proporção muito menor, como a China, gerando empregos lá e não aqui.

Embora o governo brasileiro tente negociar com o governo americano a questão da tributação sobre o aço, neste momento, parece improvável que avancemos nesta questão e fiquemos com os reflexos na nossa balança comercial.

O mercado financeiro por ser cético ao focar o momento da nossa economia, na realidade ainda nada entusiasmante, já cogita e especula com nova redução da SELIC, porém, contraditoriamente, estas reduções em nada tem contribuído para a redução de custo do crédito no país. Então, é evidente que a orquestração seja forte por parte dos porta vozes dos bancos, mas devemos estar atentos pois reduzindo juros remuneratórios aqui com elevação de juros no exterior serão estreitadas as margens atrativas, e mais, as operações de “carry trade” que são as geradoras de recursos especulativos para o nosso mercado, com destaque a Bovespa, podem ser afetadas.

E ainda, há em perspectiva, problema afetando fortemente o Brasil, a questão política, que deve cada dia mais ocupar os espaços e embates entre candidatos e pretensos candidatos, opondo inclusive pretendentes ligados ao governo, ambiente que deverá ser afetado também pelos ruídos em torno da condenação do ex-Presidente Lula e até o surgimento que um plano B pelo PT.

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E mais, certamente o governo Temer terá grande dificuldade para elaborar o orçamento que deverá deixar para o sucessor em 2019, havendo grande probabilidade de quebra da regra de ouro, ainda mais após o BNDES já ter declarado que não terá condições de retorno de recursos ao Tesouro em 2019.

Continuamos entendendo que nem tudo ocorrerá com a perfeição “cirúrgica” que vem sendo posta, pois há em perspectiva problemas ruidosos internos do Brasil e riscos latentes oriundos do exterior.

Acreditamos ainda que, embora com momentos sugerindo recuperação, a volatilidade deverá ser a tendência a se acentuar, afetando comportamento da Bovespa e do preço do dólar.

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sidnei.nehme@moneytimes.com.br
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