Dólar

Sidnei Nehme: Pior pode estar por vir, Focus é discreto e mercado difere discurso da atitude

28 maio 2018, 10:24 - atualizado em 28 maio 2018, 10:24

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

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Hoje é feriado nos Estados Unidos e isto deve ter impacto diminuindo volume de negócios no câmbio e na Bovespa, e o comportamento pode não ser fidedigno com as efetivas tendências.

Contudo, é importante destacar que o Tesouro Nacional anunciou que entrará no mercado e isto, ainda que com reação psicológica natural, deve provocar a queda da taxa de juro, em especial nos vencimentos mais longos.

Evidentemente que esta intervenção tem sinergia com a atitude anterior do BC aumentando a oferta de swaps cambiais.

Tudo isto no conjunto visa a descompressão sobre a taxa cambial, e sinaliza que o governo agirá para conter a sustentada alta do dólar, num esforço de confronto com a tendência natural de alta da taxa cambial impulsionada mais acentuadamente por piora nas perspectivas para o risco Brasil, seja pelo desapontamento de indicadores da atividade econômica e crise fiscal seja pela tensão que deve se acentuar em torno da sucessão presidencial.

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Importante destacar que o Boletim FOCUS, ainda que de forma discreta, demonstra que o mercado financeiro, fonte da formação das projeções medianas, sanciona mudanças nas perspectivas para o IPCA (inflação oficial), dólar ao final do ano, SELIC e PIB, para os quais não deverão faltar fundamentos para novos ajustes, já que o que se constata no momento é uma tendência consistente de queda maior da atividade econômica e poucas perspectivas de equacionamento da crise fiscal e aumento considerável com forte acirramento em torno da sucessão presidencial.

Não se pode descartar também que o esforço do governo, via BC ou Tesouro, tenha motivação na necessidade do governo buscar controlar o preço do dólar por razões decorrentes do acordo para conter o forte movimento reivindicatório por parte dos caminhoneiros quanto a custos e da relevância do fato já que o modal brasileiro de transportes envolve utilização de 74% de transporte rodoviário.

À margem dos esforços locais o governo poderá ter a ajuda indireta de contenção da alta abrupta do preço do petróleo, se confirmada a elevação de produção/oferta por parte da OPEP e Rússia.

Contudo, o Brasil com seu cenário prospectivo de difícil superação tem potencial para alavancar mais a taxa cambial, e, estimamos que possa atingir R$ 3,75 no mês de agosto, quando as tensões eleitorais devem ganhar o seu ápice e também ganharão destaque as dificuldades para elaboração da peça orçamentária para 2019.

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É notório que algumas instituições bancárias de grande porte procuram divulgar projeções mais amenas para o momento próximo, até colocando o dólar em projeção de R$ 3,40 para o final do ano antepondo-se a atual projeção do FOCUS de R$ 3,48, que consideramos baixa, mas é importante observarmos que nem sempre as projeções formuladas têm correspondência nas atitudes destas instituições no mercado.

Parece-nos um erro mitigar os riscos para o Brasil em perspectiva com projeções não sancionadas em fundamentos críveis e embora tenhamos instrumentos que assegurem ao país ausência de qualquer desconforto no mercado cambial, naturalmente há a impossibilidade de conter a elevação do preço da moeda americana quando ocorrer sustentada por fundamentados, visto não ser recomendável atuação do BC contrapondo-se à tendência pois provocaria elevada volatilidade, devendo atuar sempre visando proporcionar proteção com hedge cambial e liquidez no mercado a vista e coibir movimentos especulativos.

A visão prospectiva do Brasil quando foca os riscos, dúvidas e incertezas presentes no país, impede que o coloquemos em situação de maior conforto na formação do preço da moeda americana dada a nossa muito melhor estrutura de instrumentos em mercados derivativos e cambial, atrelados a nossa excelente disponibilidade de reservas cambiais.

Explicamos, se a desvalorização do real deve ser menor do que a de outras moedas emergentes visto a situação de maior conforto no campo cambial, naturalmente temos neste momento um contexto que agravam o risco Brasil de natureza interna que acabam por agregar pressão adicional na formação do preço da moeda americana.

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Continuamos absolutamente convictos de que se acentuará o movimento e volume de saída de recursos de investidores estrangeiros do nosso mercado, o que levará o BC a diminuir a oferta de swaps cambiais, já não tão demandados por estes investidores já que tudo leva a crer pelo confronto de números que estejam protegidos, e em contrapartida passe a ofertar linhas de financiamento em moedas estrangeiros com recompra ao sistema bancário.

Não vemos necessidade do BC como muitos sempre esperam, vender moeda estrangeira efetivamente, já que o mecanismo de concessão de linhas de financiamento tem tecnicamente o mesmo efeito, mas não impactam nas reserva cambial no conceito liquidez internacional, mas tão somente no conceito caixa, que será reposto posteriormente.

Enfim, acreditamos que o volume de saídas de recursos do país já esteja ocorrendo ainda que de forma discreta e deve ser acentuar, o que no passo seguinte do BC deverá reduzir a oferta de swaps cambiais, e mesmo que a mantenha para irrigar a proteção a empresas com passivos em moedas estrangeiras, deverá iniciar os leilões de linhas em moedas estrangeiras com recompra.

Nossa percepção indica que o dólar sustentará o viés de alta e a Bovespa de queda.

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sidnei.nehme@moneytimes.com.br
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