Dólar

Sidnei Nehme: Risco “político” e crise fiscal devem impactar na formação do preço do dólar

11 jan 2018, 11:59 - atualizado em 11 jan 2018, 11:59

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

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A despeito de todas as considerações, análises e projeções em torno do cenário para o Brasil ao longo de 2018, envolvendo ambiente externo e interno e sinais de recuperação da atividade econômica postas com maior convicção, notoriamente as questões intestinas do país, como o risco “político” e a questão da crise fiscal, já com foco não só em 2018 mas também na peça orçamentária de 2019, tendem a se sobrepor como fatores tensionais a tudo o mais que se possa imaginar de favorável ao país e fomentar movimentos defensivos impactando na formação de preços dos ativos brasileiros.

Estes dois pontos devem centralizar as atenções e ter reflexos negativos que poderão influenciar os demais pontos que se possa considerar para fundamentar visão mais otimista.

Temos manifestado a visão em torno de 2018 com muitas dúvidas e incertezas no horizonte, até então sem que o mercado tivesse foco mais acentuado, transparecendo mesmo certo menosprezo pelos “perigos” ancorado pelas convicções de que tudo dará certo para o país, que agora teria entrado efetivamente em recuperação da atividade econômica.

Na realidade houve conquistas, a partir da mudança de humor, mas os dados ainda são muito frágeis e carentes de sustentabilidade, porque o governo não consegue uma base de apoio político consistente para levar adiante seus projetos de reformas que são imprescindíveis, e avançou somente com a reforma trabalhista, que tem o mérito de criar alguns cenários novos e maior segurança jurídica aos acordos de classe, mas que por si só não é a geradora de empregos, que depende da atividade econômica.

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Há muitas dúvidas sobre a dinâmica da recuperação do emprego, que é o fator determinante do aumento da renda, que por sua vez será determinante para aumento da renda e consequentemente do consumo familiar, que foi definido como a âncora para dar suporte ao crescimento do PIB.

Há cenários que vem sendo comemorados como as avaliações do risco do país visto pela comunidade internacional através seus órgãos especializados, porém a despeito do país ter atualmente risco que já o colocaria outra vez no grau de investimento, quando se analisa com maior acuidade nota-se fragilidades conflitantes com o fato, pois continuamos com baixíssima taxa de poupança e séria crise fiscal, que contraditoriamente, coloca o Brasil em risco de ter um “downgrade” no seu rating pelas agências especializadas, em especial S&P e FITCH.

Então ressalta a necessidade das reformas e que, provavelmente neste governo não serão implementadas, havendo mesmo dúvidas até sobre a reforma previdenciária, a despeito de todo o empenho do governo com todas as estratégias possíveis sendo praticadas, que poderá não ser aprovada.

De concreto temos o risco “político” se fortalecendo pela indefinição de nomes como candidatos à Presidência, além de fatores que poderão provocar uma disputa acirradamente desgastante para o país perante a comunidade internacional, inclusive com disputas judiciais, etc… e inegavelmente a “crise fiscal” que traz insegurança quanto a capacidade de pagamento do país, e que já envolve inclusive o orçamento de 2019, que deverá trazer ao questionamento e implementações desgastantes de emendas constitucionais, entre as quais a quebra da “regra de ouro” que encurrala os dispêndios correntes do governo.

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Estes dois fatores certamente ganharão peso no comportamento de preços dos ativos e nas atitudes dos investidores brasileiros e estrangeiros, na conta capital ou mesmo especuladores.

O preço do dólar naturalmente sensibilizará estes pontos, afora eventual reflexo no comportamento de investidores estrangeiros motivado pela reforma tributária americana, que poderão mudar postura em relação aos emergentes.

Observa-se que já ocorrem manifestações de cautela em relação a 2018 por parte de renomadas figuras do nosso campo econômico, contrapondo-se ao otimismo até certo ponto desenfreado estimulado pelo mercado, porém carente de fundamentos mais sólidos.

É perceptível que o grau de precaução vem aumentando, mas o ajuste principalmente da BOVESPA e do preço do dólar deverão ocorrer gradualmente, visto que deverá ocorrer “patinando” já que haverá movimento tentando conter o ajuste.

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À margem já é perceptível que o IPCA-2017 bastante festejado, já trouxe a consideração de contenção da queda da SELIC ao debate.

Continuamos com a perspectiva de que o preço do dólar feche o 1º trimestre no entorno de R$ 3,50.

 

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sidnei.nehme@moneytimes.com.br
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