Internacional

Sinais de estresse financeiro se espalham pela China, avalia Goldman Sachs em entrevista

29 nov 2019, 11:23 - atualizado em 29 nov 2019, 11:23
China Ásia Consumo Consumidores
Altos níveis de consumidores endividados na segunda maior economia do planeta (Imagem: Reuters/Thomas Peter)

Ondas de saques de correntistas em bancos rurais, consumidores endividados e uma reestruturação de títulos de dívida sem precedentes são sinais de crescente estresse financeiro na China, colocando autoridades à prova.

O governo do presidente Xi Jinping enfrenta o desafio cada vez mais difícil de tentar estimular a segunda maior economia do mundo sem incentivar o risco moral e gastos imprudentes.

Embora as autoridades tenham até agora relutado em resgatar empresas endividadas e aumentar o estímulo, os custos de manter essa postura aumentam com a maior inadimplência e desaceleração econômica na China.

Membros do governo tentam fazer o “mínimo necessário para manter a economia nos trilhos”, disse Andrew Tilton, economista-chefe para Ásia-Pacífico do Goldman Sachs, em entrevista à Bloomberg TV.

Entre os desafios mais complicados da China está a deterioração da saúde de bancos de pequeno porte e de empresas estatais regionais. Uma reformulação de dívida proposta esta semana pela Tewoo Group, uma trading estatal de commodities, levantou preocupações sobre mais turbulência financeira em sua cidade natal, Tianjin.

Preocupações surgiram em todo o país nos últimos meses, muitas vezes centradas em bancos de pequeno porte. A confiança nessas instituições diminuiu desde maio, quando reguladores assumiram o controle de uma instituição na Mongólia Interior e impuseram perdas a alguns bancos.

Desde então, autoridades intervieram para reprimir pelo menos duas ondas de saques e orquestraram resgates para outras duas instituições.

O Banco Popular da China e outros reguladores há muito tempo alertam sobre os riscos da excessiva dívida corporativa, que subiu para um recorde de 165% do PIB em 2018, segundo a Bloomberg Economics.

Por enquanto, investidores parecem apostar que o governo pode administrar os riscos financeiros do país e manter a economia em movimento.