SLC Agrícola (SLCE3): prejuízo não abala e parceria bilionária com o BTG faz ação disparar 4% nesta sexta-feira (7)
As ações da SLC Agrícola (SLCE3) sobem cerca de 4% nesta sexta-feira (7), entre as maiores altas do Ibovespa (IBOV), em reação ao balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25).
Apesar do prejuízo de R$ 14,5 milhões, o mercado reagiu positivamente aos sinais de melhora operacional, forte geração de caixa e ao acordo bilionário com fundos do BTG Pactual para o desenvolvimento de projetos de irrigação em suas fazendas.
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A parceria envolve a associação da companhia com fundos de investimento em participações (FIPs) administrados pelo BTG, com o objetivo de expandir sistemas de irrigação e infraestrutura agrícola.
O investimento total será de R$ 1,033 bilhão, sendo R$ 914 milhões à vista e R$ 119 milhões no segundo semestre de 2026.
O acordo prevê a criação de sociedades de propósito específico (SPEs), com participação de 50,01% da SLC e 49,99% dos fundos, que serão proprietárias das áreas das fazendas Piratini e Paladino.
As SPEs receberão 19% da produção agrícola em regime de parceria rural, em contratos de 18 anos renováveis.
Segundo o CEO Aurélio Pavinato, o objetivo é monetizar parte das terras sem recorrer a endividamento. “A emissão de dívida não pareceu atrativa pelo custo de juros. Vamos conseguir investir sem usar capital próprio”, disse, em coletiva de imprensa.
Analistas reforçam otimismo
Para o Bradesco BBI, o resultado trimestral foi sólido, com crescimento consistente de volumes e produtividade em relação ao mesmo período de 2024. O banco destacou o avanço nas culturas de soja e milho, além do desempenho favorável das operações de algodão.
Os analistas apontam que a parceria com os fundos do BTG Pactual foi um movimento estratégico importante para destravar valor e reduzir riscos.
“A operação reforça a disciplina de capital e permite monetizar parte das terras a preços de mercado, ao mesmo tempo em que preserva o controle operacional”, disse o BBI.
O BB Investimentos classificou o trimestre como positivo, citando a alta de 28% na receita líquida, que somou R$ 2,1 bilhões, impulsionada pelo aumento de volume vendido em praticamente todas as culturas. O
Ebitda ajustado cresceu 14,7%, para R$ 531 milhões, embora a margem tenha recuado 2,9 pontos percentuais, refletindo maiores custos logísticos e de royalties.
Segundo o banco, o destaque ficou para a geração de caixa livre de R$ 567 milhões, um salto de 285% na comparação anual. “O desempenho reflete o término do pagamento de insumos e o início do faturamento do algodão e milho da safra 2024/25”, diz o relatório.
O BB também avaliou como positiva a joint venture com o BTG Pactual, que envolve o desenvolvimento de aproximadamente 28 mil hectares irrigados nas fazendas Piratini e Paladino, reduzindo riscos climáticos e sustentando a alavancagem financeira em torno de 2 vezes o Ebitda.
Já o Santander manteve recomendação neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 19 para R$ 18, alertando que o aumento dos custos agrícolas deve continuar pressionando as margens em 2026.
Segundo o banco, a companhia elevou seu guidance de custos da safra 2024/25 em 7%, especialmente em função do maior uso de defensivos.
Ainda assim, o Santander destacou que o acordo com o BTG melhora o perfil de endividamento e reforça a disciplina financeira da SLC, embora não deva alterar significativamente o perfil de lucros no curto prazo.
Por fim, a XP Investimentos também avaliou o resultado como positivo, com boa execução operacional e geração de caixa robusta.
A corretora destacou, contudo, que o ambiente de commodities agrícolas pressionadas e custos ainda elevados limita o potencial de valorização no curto prazo.
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