Exportações

Sob Trump, EUA cedem participação no mercado de carne bovina da China para a Austrália; Brasil também aumenta

29 set 2025, 6:37 - atualizado em 29 set 2025, 6:37
China carne bovina
Enquanto EUA reduzem exportações, Austrália e Brasil vendem mais carne bovina à China (Reuters/Jorge Adorno)

A carne bovina da Austrália substituiu a oferta dos Estados Unidos na China desde que o presidente Donald Trump retornou à Casa Branca, direcionando centenas de milhões de dólares, que em anos anteriores iam para a indústria pecuária dos EUA, para os cofres australianos.

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Os embarques dos EUA para a China, avaliados em cerca de US$ 120 milhões por mês, despencaram depois que Pequim, em março, permitiu que licenças expirassem em centenas de frigoríficos americanos e quando Trump deu início a uma guerra tarifária de retaliação.

Outras exportações agrícolas dos EUA para a China, o maior importador de alimentos do mundo, também foram prejudicadas desde que Trump voltou ao poder. Apenas em soja, os agricultores americanos perderam embarques no valor de bilhões de dólares durante a atual temporada de colheita.

As exportações de carne bovina dos EUA, em geral, vinham caindo nos últimos anos, à medida que a seca reduziu o rebanho nacional, diminuindo a produção e elevando os preços a níveis recordes. Mas a queda no comércio com a China foi muito mais repentina e extrema.

O valor da carne bovina dos EUA enviada à China caiu para apenas US$ 8,1 milhões em julho e US$ 9,5 milhões em agosto, segundo dados comerciais chineses, comparado a US$ 118 milhões e US$ 125 milhões nos mesmos meses do ano anterior.

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A Austrália absorveu essa demanda. Suas exportações de carne bovina para a China saltaram de uma média de US$ 140 milhões por mês nos dois anos até março para US$ 221 milhões em julho e US$ 226 milhões em agosto.

No total, entre os meses de abril e agosto, as exportações americanas de carne bovina para a China renderam US$ 388 milhões a menos do que se o comércio tivesse mantido o nível médio dos dois anos anteriores. As exportações australianas, no mesmo período, renderam US$ 313 milhões a mais.

O Brasil, maior fornecedor de carne bovina da China, também aumentou suas exportações nos últimos meses, mas a Austrália foi quem mais se beneficiou, já que sua carne bovina alimentada com grãos é a que mais se assemelha aos produtos dos EUA.

“É bom para a Austrália”, disse Matt Dalgleish, analista de carne e gado da consultoria australiana Episode 3. “Isso está sustentando preços muito fortes para o gado.”

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Problema não é a carne

Negociações comerciais entre Pequim e Washington podem encerrar o bloqueio, disse o porta-voz da U.S. Meat Export Federation, Joe Schuele.

“O impasse da carne bovina com a China tem muito pouco a ver com carne”, disse ele. “Está entrelaçado com outras questões entre os EUA e a China. Se conseguirem avançar nessas questões, vemos mais esperança de resolver isso.”

As exportações de carne bovina dos EUA para a China dispararam em 2020 e 2021, depois que Trump, em seu primeiro mandato, firmou um acordo comercial com Pequim.

A China desempenha um papel útil para os processadores de carne dos EUA ao pagar preços premium por cortes como o “chuck roll”, que são menos populares nos Estados Unidos.

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“Ainda precisamos exportar os cortes que não atraem muita atenção no mercado doméstico”, disse Schuele. “Estamos perdendo a pressão de alta trazida pelas ofertas chinesas.”

Mesmo com um acordo comercial, os EUA teriam dificuldade para recuperar participação de mercado nos próximos anos, disse Dalgleish.

A produção de carne bovina da Austrália atingiu níveis recordes e sua carne é muito mais barata, tanto que a Austrália não só está exportando mais para a China, como também batendo recordes de exportação para os próprios Estados Unidos.

“Os EUA realmente não estão em posição de competir”, disse Dalgleish.

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Enquanto isso, todos os fornecedores de carne bovina à China observam atentamente uma investigação conduzida por Pequim sobre importações, que pode resultar em restrições ao comércio como forma de lidar com um excesso de oferta de carne bovina dentro do país. A investigação deve durar até 26 de novembro.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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