S&P 500 bate recorde de valuation e acende sinais de alerta, diz Bank of America

O S&P 500 está estatisticamente caro. De acordo com o Bank of America, embora o índice seja composto por empresas de alta qualidade e com menor alavancagem, ele já supera as avaliações observadas durante a bolha das empresas de tecnologia dos anos 2000 em nove das 20 métricas acompanhadas pelo banco.
A estrategista Savita Subramanian destaca que indicadores como valor de mercado sobre PIB, preço sobre valor patrimonial, fluxo de caixa operacional e valor da firma sobre vendas atingiram níveis recordes. Outras métricas — como preço/lucro e EV/EBITDA — também estão acima das referências de março de 2000.
“O S&P atual é de maior qualidade, mais leve em ativos e menos alavancado. Mas os riscos estão crescendo, e o piso de valorização do índice provavelmente é mais baixo do que os níveis atuais”, afirma o relatório.
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Segundo o Bank of America, cinco fatores aumentam a vulnerabilidade do índice:
- Sinais de mercado baixista: cerca de 70% dos indicadores que historicamente antecedem ciclos de queda já foram acionados, incluindo relações preço/lucro elevadas e deterioração de métricas de crédito.
- Efeitos da inteligência artificial sobre o consumo: o avanço da IA pode reduzir a demanda por serviços profissionais — justamente o segmento que mais impulsionou o consumo desde os anos 1980.
- Riscos no crédito privado: desde a crise de 2008, o crédito privado substituiu os grandes bancos no financiamento corporativo, mas os riscos no setor aumentam. O relatório cita um “nó górdio” envolvendo big techs, fundos e até o governo dos EUA.
- Incerteza macroeconômica: as tensões comerciais entre EUA e China e a paralisação parcial do governo americano reduziram a visibilidade econômica, travando a retomada da atividade.
- Resultados corporativos mistos: enquanto empresas industriais demonstram cautela, bancos exibem otimismo contido — mas com possíveis “baratas escondidas”, segundo o BofA.
“Na nossa visão, os bancos regulados estão mais bem capitalizados e, portanto, mais protegidos contra o ciclo de crédito — mas o S&P 500 pode estar vulnerável por outro motivo: liquidez”, observa Subramanian.
O banco também alerta para a crescente dependência dos investidores de fundos passivos atrelados ao S&P 500 e de ativos de private equity. Caso o mercado de crédito privado enfrente turbulências, fundos de pensão e outros investidores poderiam ser forçados a vender cotas de ETFs para cobrir perdas e obrigações, ampliando a pressão sobre o índice.
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