S&P 500 está caro, alertam BofA e XP: é hora de sair do mercado dos EUA?

O S&P 500, principal índice de ações dos Estados Unidos que é composto por 500 empresas de capital aberto e negociadas nas Bolsas de Valores dos Estados Unidos (NYSE), está caro.
Pelo menos essa é a avaliação do Bank of America (BofA). Nas palavras da analista Savita Subramanian, a mediana das ações do S&P 500 está 10% mais cara que a média histórica.
“O S&P 500 está atualmente sendo negociado com um prêmio em relação às suas médias históricas em todas as 20 medidas que acompanhamos.”
A XP também considera que o índice opera em múltiplos elevados. De acordo com a corretora, o índice está sendo negociado a 22,8 vezes o preço sobre lucro (P/L), o que aponta para retornos mais fracos adiante.
“Os retornos futuros tendem a diminuir à medida que o nível de P/L aumenta, com uma deterioração mais forte acima do patamar de 22,5x. Além disso, a relação histórica entre earnings yield (ou seja, a razão lucro/preço) e os retornos subsequentes enfraqueceram nos últimos anos, divergindo da forte correlação observada em ciclos anteriores”, escreveram os analistas em relatório.
S&P 500 versus outros ativos
O BofA também comparou o valuation do S&P 500 com o ouro, ativo considerado seguro em tempos de inflação elevada, e com o petróleo.
Na comparação com o ouro, o índice de ações norte-americanas negocia em linha com seu múltiplo médio histórico em relação ao ouro por onça-troy — depois de ter sido negociado “caro” na última década.
Já na relação com o petróleo West Texas Intermediate (WTI), referência para o mercado dos Estados Unidos, o múltiplo do S&P 500 é o mais alto desde a pandemia de Covid-19 e até antes, na época da “Bolha de Tecnologia” — duas datas que marcaram bons pontos de entrada para o petróleo.
Então, segundo a analista, é hora de comprar petróleo e não ouro.
Já na avaliação da XP, o atual cenário torna a busca de exposição fora dos EUA cada vez mais relevante. Segundo os analistas, os mercados com múltiplos mais baixos e maior momentum nos lucros podem apresentar assimetrias mais atrativas.
“Várias regiões negociam a preços mais atrativos, muitas vezes com fundamentos em recuperação e maior momentum nos lucros. Esses mercados dependem menos de expansão de múltiplos, e podem oferecer oportunidades mais interessantes para o investidor de longo prazo que busca diversificação e melhor relação risco-retorno”, diz o relatório.
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Nem tudo está precificado
Para o BofA, o ‘tarifaço’ de Trump já foi precificado nas ações do S&P 500. O banco afirma que os papéis domésticos foram reavaliados em relação aos pares com exposição estrangeira após o “Dia da Libertação” e agora estão negociando com um prêmio de até 15% em comparação com um desconto médio de cerca de 5% desde o primeiro mandato de Trump.
“Os múltiplos retrocederam após as pausas serem estabelecidas, mas as empresas de vendas domésticas ainda negociam com um prêmio em relação ao desconto histórico”, escreveu a analista em relatório.
As ações dos fabricantes nacionais também negociam abaixo da média de longo prazo.
Já o Orçamento de Trump, chamado de “Big Beautiful Bill” ainda não foi totalmente precificado, na visão do BofA. O projeto de lei, já aprovado pela Câmara dos Representantes, prevê corte de impostos e aumento de gastos em algumas áreas consideradas estratégicas pelo governo. A proposta acrescentará cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida de US$ 36,2 trilhões do governo federal na próxima década, de acordo com o independente Escritório de Orçamento do Congresso.
“Cestas de ações construídas para se alinhar com vários aspectos do “Big Beautiful Bill” revelam reações menos positivas (e em muitos casos, negativas). Na verdade, todas as cestas tiveram desempenho inferior aos seus pares desde a anúncio do projeto de lei”, diz o BofA em relatório.
A analista do banco ainda destaca que as políticas fiscais mais favoráveis aos consumidores de baixa e média renda também ainda não foram precificadas. “Ações mais sensíveis ao aumento dos lucros são negociadas com um desconto em relação ao seu múltiplo médio de Trump 1.0 a Trump 2.0, e tiveram desempenho inferior aos seus pares desde a divulgação do projeto de lei.”