StoneX vê aumento na moagem de cana no Centro-Sul em 26/27 e mais etanol de milho no Norte e Nordeste

A moagem de cana-de-açúcar do Centro-Sul do Brasil em 2026/2027 foi estimada nesta terça-feira (23) em 620,5 milhões de toneladas, alta de 3,6% em relação ao ciclo 2025/26, apontou a consultoria e corretora StoneX em relatório sobre a primeira previsão da safra do ano que vem.
O aumento ocorre com o rejuvenescimento do canavial em 2026/27 após o aumento das renovações em 2024/25 e em 2025/26, a expectativa de chuvas mais próximas da normalidade entre outubro e março e a expansão da área colhida.
Segundo a StoneX, o cultivo na principal região produtora do Brasil deverá atingir 8 milhões de hectares, 1,8% acima do ciclo atual.
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“A recuperação das áreas reformadas após as queimadas e o retorno esperado das chuvas criam um ambiente mais favorável para o setor. Esses fatores, somados ao rejuvenescimento do canavial, explicam a projeção de uma safra entre as maiores da história do Centro-Sul”, disse o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Marcelo Di Bonifácio Filho, em nota.
Se confirmada, a temporada 2026/27 seria a terceira maior safra já registrada, de acordo com dados da StoneX.
A alocação de cana para a produção de açúcar terá uma pequena redução, a 51,3%, versus 51,5% na safra atual. Já o etanol continuaria com uma parte menor do “mix”, já que o setor produtivo tem elevado a fabricação do combustível a partir do milho.
A produção de açúcar foi estimada em 42,1 milhões de toneladas, aumento de 5,7% na comparação anual.
O crescimento será impulsionado pela maior moagem e pela normalização do Açúcar Total Recuperável (ATR), previsto em 138,8 kg/tonelada, alta de 2,4% em relação ao ciclo atual.
Já a produção de etanol de milho foi estimada em 11,4 bilhões de litros, avanço de 17,5% na comparação anual.
O volume de etanol de milho responderia por quase um terço da produção total do biocombustível, estimada em 36 bilhões de litros, que teria um crescimento de 9,8% no comparativo com o ciclo atual.
Etanol de milho no Norte e Nordeste
A StoneX também divulgou projeções para a safra atual no Norte e Nordeste, indicando que a moagem de cana deve se manter praticamente estável em 2025/26 na comparação com o ano anterior, a 57,3 milhões de toneladas.
A produção de açúcar, no entanto, tende a recuar 1,9%, para 3,65 milhões de toneladas, refletindo a “normalização” do ATR após resultados recordes em 2024/25.
Já a produção de etanol total do Norte e Nordeste deverá ter um salto de 27,4% em 2025/26, para 3,1 bilhões de litros, com impulso de novos projetos do combustível de milho.
Enquanto o etanol de cana verá uma queda de 4% na fabricação, o de milho registrará um aumento anual de 381%, para 1 bilhão de litros.
O avanço é impulsionado pela entrada em operação de novas plantas, como a usina da Inpasa em Luís Eduardo Magalhães (BA), com capacidade superior a 500 mil m³ anuais, além de mais uma iniciativa na Bahia e projetos em Tocantins, Piauí e Rondônia.
“O etanol de milho ganha relevância estratégica no Nordeste por diversificar a matriz de produção, garantir maior segurança no abastecimento de biocombustíveis e ampliar a competitividade da região no mercado nacional”, disse Di Bonifácio.
Segundo ele, esse movimento do etanol de milho, ganhando maior participação da produção do biocombustível, deve se intensificar ainda mais a partir de 2026/27, quando novos projetos entrarão em operação.
Mercado global de açúcar terá excedente em 2025/26
O mercado global de açúcar deverá ter um excedente de 2,77 milhões de toneladas na temporada 2025/26, que começa em outubro, disse a corretora e consultoria StoneX em um relatório nesta terça-feira.
A produção global de açúcar foi estimada em 197,5 milhões de toneladas, enquanto o consumo foi projetado em 194,7 milhões de toneladas.
Melhores safras no Brasil, na Índia e na Tailândia mais do que compensarão uma redução esperada na Europa, disse a StoneX.