Indústria

Suzano negocia alta de preços de celulose na Europa e EUA, vê demanda por papel em queda

15 maio 2020, 14:54 - atualizado em 15 maio 2020, 14:54
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A Suzano ampliou em 30 dias uma parada programada de duas fábricas de papel da companhia no Brasil que ficariam paradas apenas em maio (Imagem: Freepik/azerbaijan_stocker)

A Suzano iniciou negociações nos Estados Unidos e Europa para elevar os preços da celulose em 30 dólares por tonelada até o final deste trimestre, avaliando que estas regiões contam com condições estruturais para a implementação do aumento.

O reajuste será realizado após aplicação do mesmo valor para clientes asiáticos em abril, afirmaram executivos da companhia nesta sexta-feira, citando que os estoques da matéria-prima voltaram a níveis normais depois que a empresa passou boa parte do ano passado e o início deste ano trabalhando para reduzí-los.

Por outro lado, a demanda por papel para imprimir e escrever deve continuar em queda no atual trimestre, impactada pelas medidas de distanciamento social adotadas no mundo todo como forma de frear o avanço do novo coronavírus.

Em razão disso, a Suzano ampliou em 30 dias uma parada programada de duas fábricas de papel da companhia no Brasil que ficariam paradas apenas em maio. “Com isso, retiraremos do mercado 50 mil toneladas.Enquanto isso, vamos ampliar capacidade de celulose, convertendo parte desse volume de papel para celulose”, disse o presidente da Suzano, Walter Schalka, em teleconferência com jornalistas.

A companhia divulgou na noite da véspera prejuízo de 13,4 bilhões de reais para o primeiro trimestre, impactada pela forte depreciação do real contra o dólar, que atingiu as dívidas em moeda estrangeira da empresa.

O diretor financeiro, Marcelo Bacci, explicou que o impacto cambial tem efeito negativo na contabilidade de curto prazo, mas que nos próximos meses, diante da tendência de desvalorização do real, os resultados da Suzano devem mostrar avanços.

O executivo afirmou que a cada 0,10 real por dólar de mudança no câmbio, o Ebitda da companhia é impactado em 500 milhões de reais.

Com isso, se a cotação da moeda norte-americana permanecer próxima de se 6 reais até o final do ano, o Ebitda da Suzano vai ter uma variação positiva de 7,5 bilhões de reais em 2020. Se isso for mantido em 2021, a conta sobe para 10 bilhões de reais.

De fato, a margem Ebitda da operação de celulose da Suzano, que exporta 90% de sua produção, cresceu de 36% no quarto trimestre de 2019 para 49% no primeiro trimestre, apoiada pela valorização do dólar, disse Bacci.

O diretor da área de celulose, Carlos Aníbal, disse durante teleconferência com analistas que a Suzano mantém estratégia de “produzir mais e vender mais” celulose em 2020 ante 2019, mas não deu detalhes.

Diante disso, a companhia manteve sua expectativa de atingir uma alavancagem de 3 vezes, em dólares, em 2021. No final de março, o múltiplo foi de 4,8 vezes, abaixo dos 4,9 vezes de dezembro, mas bem acima das 3,3 vezes do primeiro trimestre do ano passado.

Questionado sobre casos de Covid-19 na companhia, Schalka afirmou que até agora a Suzano teve 35 casos confirmados, mas o total de funcionários afastados alcança 700, incluindo trabalhadores de grupos de risco e com suspeita de terem contraído o vírus. A empresa emprega 15 mil funcionários.

Sobre oportunidades a serem criadas pela pandemia, o presidente da Suzano afirmou que a empresa criou um grupo de trabalho “que está trazendo algumas iniciativas”.

Ele não detalhou, mas afirmou que a forte alta na demanda por papel tissue gerada pela preocupação com a higiene poderá se tornar estrutural.

Enquanto isso, a empresa está vendo um aumento no consumo de fibras virgens por causa da queda na reciclagem de papel e “migração gradativa de fibra longa para curta” em papéis para embalagens, cuja demanda tem crescido em razão do incremento do comércio eletrônico em vários países do mundo.

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