Internacional

Taiwan investiga especulação cambial por bancos e tradings

29 jan 2021, 20:01 - atualizado em 29 jan 2021, 20:01
Deutsche Bank
Com a ajuda de seis bancos estrangeiros, dentre eles o Deutsche Bank, oito das maiores tradings agrícolas da Ásia haviam montado US$ 11 bilhões em posições a termo em moeda local até julho (Imagem: REUTERS/Tyrone Siu)

Cargill e Deutsche Bank fazem parte de um grupo de grandes organizações estrangeiras investigadas em Taiwan, acusadas de especular com a alta da moeda local no ano passado e dificultar os esforços do banco central para segurar o descontrole no mercado de câmbio.

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Com a ajuda de seis bancos estrangeiros, oito das maiores tradings agrícolas da Ásia haviam montado US$ 11 bilhões em posições a termo em moeda local até julho, informou o banco central em comunicado na semana passada. Cargill e Louis Dreyfus estavam envolvidas, juntamente com Deutsche Bank, Citigroup, JPMorgan Chase e Standard Chartered, de acordo com pessoas a par do assunto, que pediram anonimato por não terem autorização para falar publicamente.

ING Groep e Australia & New Zealand Banking Group também estão sob investigação, segundo uma fonte.

As posições se basearam em transações físicas com grãos no exterior deliberadamente negociadas por meio de subsidiárias em Taiwan a fim de especular com a moeda local, afetando a estabilidade do mercado, afirmou o banco central. As empresas, que não foram identificadas publicamente, tinham encerrado essas operações até o final de julho do ano passado. A autoridade monetária anunciará punições para quatro dos bancos em breve e já entrou em acordo com outros dois.

O banco central não pode impor sanções às empresas de grãos, mas se prepara para entregar informações detalhadas sobre o caso para outras agências governamentais, como o Ministério das Finanças e o principal regulador do mercado financeiro, para permitir uma investigação mais aprofundada dessas organizações.

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Segundo as fontes, pelo menos algumas das operações foram elaboradas especificamente para lucrar com a alta do dólar taiwanês, impondo um desafio direto ao banco central que lutava para conter a valorização da moeda e manter um ambiente financeiro estável em uma economia dependente das exportações.

Pelo menos algumas das operações foram elaboradas especificamente para lucrar com a alta do dólar taiwanês, impondo um desafio direto ao banco central (Imagem: Unsplash/@remiyuan)

O banco central de Taiwan regula rigorosamente o volume de moeda local que as empresas estrangeiras podem acumular para evitar especulações com o câmbio. Segundo comunicado divulgado pela autoridade monetária na semana passada, as enormes posições em contratos a termo acumuladas pelas tradings de commodities foram superiores a suas reais necessidades de negócios. Nenhuma das operações com commodities vinculadas aos contratos a termo nem as principais partes envolvidas estavam em Taiwan, informou a instituição.

“O banco central geralmente desaprova especulação porque pode desestabilizar os mercados e distorcer os preços”, afirmou Christopher Wong, estrategista sênior de câmbio do Malayan Banking em Cingapura. “O objetivo da punição é dar uma mensagem de desincentivo e o banco central pode usar isso como forma de lembrar aos mercados que não atuem como ameaça.”

Abordado pela Bloomberg News, o banco central não comentou além do que já estava comunicado.

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Deutsche Bank, JPMorgan, Citigroup, ANZ e Cargill se recusaram a comentar. Uma porta-voz do Standard Chartered informou que não poderia comentar um processo regulatório. O ING também não comentou. A Louis Dreyfus declarou que não foi contatada pelas autoridades taiwanesas e não quis entrar em detalhes.

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bloomberg@moneytimes.com.br