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Tango portenho: argentinos liquidarão US$ 3 bi com o dólar soja II, mas criticam o novo plano

27 nov 2022, 10:40 - atualizado em 27 nov 2022, 10:54
Argentina
Exportações do complexo soja argentino deve melhorar, mas carregando problemas internos (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

A Argentina vive um cenário curioso entre os principais agentes do agronegócio nacional.

Reverberados pelas principais entidades de classe do país, eles estimam que acabarão antecipando a liquidação de cerca de US$ 3 bilhões em exportações do complexo soja, com a “segunda ronda de dólar soja”, mas cobrem a nova medida do governo de muitas críticas.

O superministro da Economia Sergio Massa anunciou a volta do tipo de câmbio para os exportadores, entre cerca de 15 que já foram determinados setorialmente nos últimos meses, que valerá de amanhã ao fim de dezembro.

Reedita a mesma medida de setembro, com a diferença que o valor subiu $ 30, para $ 230 por US$ 1, intentando prover as reservas cambiais que estão no piso crítico.

Ademais de o setor produtivo necessitar também de recursos, já que estava segurando as exportações como reserva de valor ante uma crise econômica que pode levar o país a novo default, a Sociedad Rural Argentina (SNA) e a Asociación de la Cadena de Soja Argentina (ACSOJA) reconhecem a escalada de prejuízos que se espalhará para a economia.

Com a maior saída da soja e derivados, encurtando a oferta interna, os custos de produção vão aumentar para os produtores de aves, suínos e gado, crescendo ainda mais os riscos da inflação, que se aproxima de 90%.

Se durar mesmo os 30 dias previstos pelo governo de Alberto Fernández, pode ser que não haja tanto impacto nas exportações, principalmente de carne bovina – o principal ativo – mas há preocupações com o carrego de preços dos insumos para rações nos meses seguintes.

Nicolás Pino, presidente da SNA, e Luis Zubizarreta, da ACSOJA, repercutidos pela imprensa argentina, entendem que o dólar soja apenas tapa o buraco de curto prazo, inclusive para o governo, sem resolver as questões de fundo do país.

“Para os exportadores, necessitamos de um câmbio único, sem atraso, e receber em preços internacionais”, declarou Pino, lembrando ainda dos impactos dos impostos sobre a produção e exportações, como a taxa recolhida pelo governo, as “retenciones”.

Para completar, a situação esperada com o novo tipo de câmbio deverá trazer depreciação dos preços internacionais, disseram, como ocorreu na primeira edição de setembro, e aumento de custos de produção já que a cadeia deverá se aproveitar para recuperar margens com a entrada de divisas para os exportadores, em um momento em que a seca prejudica a safra do país.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
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