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Tanure corteja bancos após oferta surpreendente pela Braskem (BRKM5) articulada com Novonor

10 jun 2025, 19:19 - atualizado em 10 jun 2025, 19:19
braskem brkm5
(Imagem: Divulgação/Braskem)

O empresário Nelson Tanure iniciou conversas com bancos que serão fundamentais para o sucesso de sua oferta pela Braskem (BRKM5), disse ele à Reuters, acrescentando que gostaria de fechar um acordo este ano e dar à Petrobras (PETR4) um papel ampliado nas operações da petroquímica.

Tanure é o mais recente interessado na companhia e busca resolver um impasse entre a acionista controladora da Braskem, a Novonor, credores que detêm suas ações como garantia e a Petrobras, que é ao mesmo tempo uma acionista importante e fornecedora-chave da empresa.

Em seus primeiros comentários públicos desde que revelou a oferta pela Braskem no mês passado, Tanure disse que começou a cortejar a Novonor, o grupo empresarial da família Odebrecht, após o colapso de um acordo com a Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC) há mais de um ano.

“Venho pesquisando essa empresa há muito tempo. Em algum momento, após a desistência da Adnoc, comecei a conversar com eles em absoluto sigilo”, disse Tanure.

A Novonor permaneceria como acionista no acordo ainda em discussão, disse ele, com a proposta mais recente reduzindo a participação do grupo de 38,3% – e 50.1% no capital votante – para cerca de 3,5%. “Eu não faria um acordo se eles não permanecessem envolvidos”, disse Tanure.

Apesar do progresso do empresário em relação à Novonor, credores importantes, incluindo o BNDES, veem sua oferta com ceticismo, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto. Os credores da Novonor prefeririam ir adiante com seu próprio plano de reestruturação antes de venderem as ações que são mantidas como garantia.

Procurados, Novonor e BNDES não comentaram o assunto. A Petrobras também não se manifestou, mas na semana passada a presidente-executiva da estatal, Magda Chambriard, afirmou em entrevista à Reuters que a Braskem é um “ativo muito importante” e que “no nosso ponto de vista atual, a gestão da Braskem não é a que a gente deseja. Então, o sócio que tem 47% de parceria num ativo não pode não mandar nada nesse ativo”, afirmou na ocasião.

Durante o escândalo da Lava Jato, a Novonor – chamada Odebrecht na época – usou sua participação na Braskem para garantir cerca de R$15 bilhões em empréstimos bancários. O valor de mercado das ações agora cobre menos de um quarto dessa dívida.

“O sucesso da operação passa, necessariamente, por um alinhamento com eles, que são os principais credores”, reconheceu Tanure, contestando, entretanto, a percepção de que os credores agora controlam efetivamente a Braskem. “É bom esclarecer que as ações são detidas pelo grupo Novonor. Apenas, estão em alienação fiduciária para os bancos, garantindo empréstimos.”

“O diálogo está em curso. Acredito que, se chegarmos ao fim do ano com tudo resolvido, será uma grande vitória”, escreveu Tanure.

O empresário baseado no Rio de Janeiro tem um histórico de investimentos em empresas passando por reestruturações contenciosas, é um importante acionista da companhia de energia Light e da petrolífera Prio.

Se conseguir fechar o acordo da Braskem, Tanure vê um papel maior para a Petrobras, que tem direito de preferência sobre a participação da Novonor, conforme seu acordo de acionistas.

“Eu acho que a presença (da Petrobras) é pequena na operação da companhia (Braskem), e que ela deve e precisa ser ampliada, pois vamos convir que a Petrobras tem uma senioridade e um know how de gestão de empresas petrolíferas comparável às melhores do mundo.”

Tanure disse que suas ambições para a Braskem incluem transformar o complexo petroquímico de Camaçari, na Bahia, em um centro de inovação sustentável.

“O Brasil é o país que tem maior potencial para desenvolver a indústria verde, inclusive a petroquímica – e a Bahia é o lugar que está mais bem situado e posicionado para ser o grande polo da petroquímica verde brasileira.”

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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