Mesmo com redução das tarifas, ‘risco de recessão nos EUA não desapareceu’, diz economista-chefe do Morgan Stanley

O acordo entre Estados Unidos (EUA) e China, de pausa de 90 dias na guerra comercial, levou o mercado a revisar para baixo as chances de recessão econômica, que tinham subido após o anúncio das medidas tarifárias de Donald Trump no mês passado.
No entanto, isso não significa que o risco foi completamente descartado. Pelo menos é o que aponta Seth Carpenter, economista-chefe global do Morgan Stanley.
“A probabilidade certamente caiu um pouco na margem, mas nunca tivemos uma recessão como base, em parte porque presumimos que o pico das tarifas anunciadas não duraria”, escreveu o economista-chefe global da empresa à CNBC dos EUA. “No entanto, o risco de recessão não desapareceu, pois as tarifas têm efeitos diretos e indiretos. Mesmo com tarifas mais baixas, o impacto direto ainda é significativo”, completa.
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Para o economista, as tendências históricas têm reforçado esse sentimento, uma vez que os dados mostram que as tarifas sobre a China no primeiro governo Trump foram seguidas por uma queda na produção industrial e no emprego na indústria.
“Tarifas são impostos, e 2/3 das importações da China são bens de capital ou insumos intermediários. Portanto, as tarifas sobre a China são, na prática, um imposto sobre investimentos domésticos e manufatura”, afirma.
Tarifas devem impactar dados de inflação nos EUA nos próximos meses
Em entrevista ao CNBC, Carpenter ponderou que o dado mais recente do Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês), no qual registrou uma queda inesperada em abril, deve, de certa forma, inferir no que vai acontecer com a medida de inflação do índice de preços (PCE), “como uma espécie de último suspiro das medidas de inflação pré-tarifárias”.
“Acreditamos que, assim que começarmos a receber o próximo conjunto de dados no próximo mês, as taxas de inflação começarão a aumentar gradualmente devido à imposição de tarifas”, destacou. “Agora, onde exatamente isso vai parar, depende muito do que acontecer com as negociações políticas nas próximas semanas e meses”.
Para Carpenter, embora visto um pequeno recuo em algumas importações, considerando os dados do primeiro trimestre anterior, “daqui para frente será um pouco menos dramático”.
“As coisas estão desacelerando. Acho que o grau em que isso vai acontecer vai depender, em parte, de quanto mais sofrimento o consumidor tiver que sentir”, pontuou.
* Com informações de Times Brasil – CNBC