Economia

Dia seguinte à tarifa de 50% imposta por Trump ao Brasil deve ser de volatilidade nos mercados, dizem analistas

09 jul 2025, 19:56 - atualizado em 09 jul 2025, 19:56
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Os analistas esperam mais volatilidade e incertezas sobre a economia brasileira após Trump impor tarifas de 50% sobre o Brasil (Imagem: Getty Images)

No final da tarde desta quarta-feira (9), o presidente dos  Estados UnidosDonald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros que forem importados para o território norte-americano. 

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A alíquota maior do que a anunciada para os outros 21 países nesta segunda rodada do ‘tarifaço’ de Trump foi justificada como uma “resposta” à forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro — que é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Para analistas do mercado, a medida de Trump enfraquece a relação entre o Brasil e os EUA. 

Na avaliação de Harrison Gonçalves, membro do CFA Society Brazil, o anúncio “evidencia certa fragilidade da diplomacia brasileira em manter uma postura de alinhamento — ou ao menos de neutralidade — frente à hegemonia continental”. 

“Do ponto de vista econômico, o país perde competitividade, compromete parte de sua arrecadação e reduz seu PIB potencial ao passar a ser tributada uma fatia relevante de suas exportações — cerca de 15% do total”, acrescentou. 

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Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, destaca que a alíquota de 50% é “impraticável”. “Se essa tarifa, de fato, permanecer, podemos ter a atividade econômica sendo revista para baixo e forte desvalorização do real ante o dólar.”

“É claro que ainda é muito cedo para afirmar. Precisamos ver a posição oficial do governo brasileiro e se haverá retaliações, tanto daqui do Brasil, como também dos Estados Unidos. Então, inicialmente, a percepção e a leitura que nós temos é que essas tarifas podem e devem impactar e trazer uma revisão baixista para o PIB ainda em 2025.”

Na mesma linha, o head de renda variável da Faz Capital, Alexandre Pletes, avalia que é preciso aguardar novos desdobramentos.

“Em outros episódios, Trump anunciou tarifas amplas que depois foram flexibilizadas para setores estratégicos. No entanto, diante da relação política distante entre os dois governos, o canal de negociação pode ser mais restrito”, disse Pletes. 

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Para ele, o ponto de atenção agora é se o governo brasileiro irá atuar de forma pragmática, separando a política da economia, para proteger setores estratégicos e avaliar os impactos diretos sobre empresas listadas.

Na visão da Nomad, “essa nova estratégia tem tudo para elevar a incerteza sobre o cenário econômico com o consequente aumento de volatilidade nos mercados”

“Dado o histórico, no entanto, analistas e agentes econômicos deverão especular sobre a credibilidade dessas novas medidas. Será que dessa vez será pra valer ou é mais uma cartada para incentivar negociações que até o momento ficaram restritas a poucos países”, afirma o economista-chefe, Danilo Igliori.

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O que esperar dos mercados?

Os analistas esperam uma reação bem negativa nos mercados nesta quinta-feira (10), com depreciação do real, alta nos juros futuros e forte queda do Ibovespa.

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“O comportamento dos mercados futuros, em especial do câmbio, já sinalizam uma piora no curto prazo. Mas pode haver uma recuperação nos dias seguintes, caso apareçam sinais de negociações para reduzir essa taxa”, afirmou o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa.

O aumento de incertezas e a volatilidade também devem ser refletidos nos ativos brasileiros.

A Ativa Investimentos considera que, além do efeito direto sobre o nível potencial de atividade econômica brasileira, “o movimento adiciona um novo vetor de aversão a risco para ativos locais, ampliando a volatilidade e, possivelmente, alimentando a necessidade de revisões em fluxos de caixa e valuation para companhias com maior exposição ao mercado norte-americano”. 

Segundo os analistas da corretora, o anúncio deve pressionar ativos de renda variável no país e sobretudo, os expostos à exportação aos EUA.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.