Com tarifa de 50% dos EUA, veja onde investir no Brasil, segundo especialistas

A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto, ampliou a tensão nos mercados.
Além de afetar diretamente empresas exportadoras, a medida representa um novo capítulo de instabilidade nas relações comerciais entre os dois países e reacende a aversão ao risco sobre o Brasil.
“O aumento das tensões comerciais volta aos holofotes e contribui para um movimento de aversão ao risco dos ativos locais, agravada pelo desempenho negativo do Ibovespa e reforçando o movimento defensivo do mercado cambial”, avalia Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Com isso, investidores se veem diante de um novo ambiente de incerteza e precisam repensar em como alocar seus recursos daqui para frente.
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Pressão sobre exportadoras
De acordo com Adriana Ricci, especialista em investimentos, “a tarifa cria um cenário de insegurança para quem investe no Brasil, pois pode haver revisão de projeções das companhias exportadoras”.
A XP Investimentos, por exemplo, avaliou que Embraer (EMBR3), WEG (WEGE3) e Tupy (TUPY3) estão entre as empresas mais expostas ao mercado norte-americano e, consequentemente, tendem a ser as mais pressionadas pelo “tarifaço” de Donald Trump.
Apesar disso, na visão da casa, algumas ações listadas na Bolsa brasileira também podem “funcionar” como ativos de proteção contra as taxas, como SLC Agricola (SLCE3), BrasilAgro (AGRO3) e Gerdau (GGBR4).
A lista completa dos papéis você pode conferir aqui.
Renda fixa ganha protagonismo
E, para além da renda variável, com o aumento do risco e a escalada dos juros futuros, analistas avaliam que a renda fixa volta ao radar com ainda mais força.
Para Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, o ambiente atual segue favorável aos títulos do Tesouro Direto, mas também ao crédito privado de qualidade.
Ela reforça que é essencial mesclar diferentes tipos de indexadores — pós-fixados, IPCA+ e prefixados — para mitigar riscos, já que cada um reage de forma distinta aos movimentos do mercado.
“Diversificação é essencial. Ao longo do tempo indicadores diferentes atuam de formas distintas e combinar essas estratégias ajuda a melhorar o desempenho da carteira no longo prazo”, destaca.
Já Anderson Kuntzler, planejador financeiro e especialista em investimentos, reforça que, no atual cenário — com a tarifa de Trump pressionando o real e ampliando a aversão ao risco nos países emergentes —, a busca por ativos pós-fixados pode ser a melhor escolha.
“Faz mais sentido buscar ativos pós-fixados, que protegem o investidor da abertura dos juros. Títulos curtos e médios atrelados à inflação também ajudam a blindar a carteira contra um possível repique inflacionário”, afirmou em entrevista ao Money Times.
Jeff Patzlaff, especialista em investimentos, corrobora com essa visão. Segundo ele, “nesse ambiente de taxações e instabilidade, o ideal é manter boa parcela do portfólio em pós-fixados para aproveitar aumentos adicionais da Selic ou ter ganhos seguros com a taxa atual, que está bem alta”.
Diversificação segue sendo a chave
Diante de um ambiente incerto e sujeito a oscilações, os especialistas ouvidos pela reportagem são unânimes em defender a diversificação como estratégia central.
A avaliação comum é que o investidor não precisa necessariamente correr para a porta de saída — mas, sim, ajustar as velas, com atenção redobrada ao cenário macroeconômico, aos sinais do mercado e à sua própria tolerância ao risco.