Guerra Comercial

Tarifas dos EUA derrubam exportações do Japão em julho, que registram maior queda em 4 anos

20 ago 2025, 6:12 - atualizado em 20 ago 2025, 6:12
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Queda financeira das exportações japonesa de carros é maior que a queda do volume (Unsplash/Colton Jones)

As exportações do Japão registraram a maior queda mensal em cerca de quatro anos em julho, segundo dados do governo divulgados nesta quarta-feira (20), à medida que os impactos das tarifas dos Estados Unidos se intensificaram, aumentando as preocupações sobre as perspectivas da economia japonesa, fortemente dependente das exportações.

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O total de exportações da quarta maior economia do mundo caiu 2,6% em termos de valor em julho na comparação anual, a maior queda mensal desde fevereiro de 2021, quando as exportações recuaram 4,5%.

A queda foi maior do que a previsão mediana do mercado, de 2,1%, e marca o terceiro mês consecutivo de declínio, após uma queda de 0,5% em junho.

Apesar da forte queda no valor das exportações, os volumes embarcados têm se mantido até agora, já que os exportadores japoneses evitaram aumentos expressivos de preços, afirmou Takeshi Minami, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Norinchukin.

“Mas eventualmente eles terão que repassar os custos aos consumidores norte-americanos, o que prejudicará ainda mais as vendas nos próximos meses”, disse ele.

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As exportações para os EUA em julho caíram 10,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior, com automóveis recuando 28,4% e componentes automotivos caindo 17,4%.

No entanto, as exportações de automóveis caíram apenas 3,2% em termos de volume, sugerindo que os cortes de preços das montadoras japonesas e os esforços para absorver as tarifas adicionais ajudaram a proteger parcialmente os embarques.

Cronograma da guerra tarifária

Os Estados Unidos impuseram tarifas de 25% sobre automóveis e autopeças em abril, além de ameaçarem aplicar tarifas de 25% sobre a maioria dos demais produtos japoneses. Posteriormente, firmaram um acordo comercial em 23 de julho que reduziu as tarifas para 15%, em troca de um pacote de investimento japonês de US$ 550 bilhões com destino aos EUA.

A tarifa acordada sobre automóveis (o principal setor exportador do Japão) ainda é muito superior à tarifa antes do governo Trump 2, que era de 2,5%, pressionando fortemente as grandes montadoras e fornecedores de autopeças.

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As exportações para outras regiões também foram fracas. As destinadas à China caíram 3,5%, segundo os dados.

As importações totais em julho caíram 7,5% em relação ao ano anterior, frente à previsão de mercado de uma queda de 10,4%.

Como resultado, o Japão registrou um déficit de 117,5 bilhões de ienes (US$ 795,4 milhões) em julho, contrariando a expectativa de um superávit de 196,2 bilhões de ienes.

O resultado ocorre após um crescimento inesperadamente forte do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre (abril a junho), conforme dados separados divulgados na semana passada, impulsionado por exportações e investimentos em capital surpreendentemente resilientes.

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Economistas explicaram que o crescimento forte das exportações nos dados do PIB reflete diferenças na forma como o impacto das variações de preços é considerado.

Ainda assim, Minami, do Norinchukin, disse que a economia japonesa tem evitado o pior até agora.

“Como o acordo tarifário ao menos reduziu as incertezas, é provável que o Banco do Japão retome os aumentos das taxas de juros já em outubro”, afirmou ele.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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