Tarifas dos EUA derrubam PIB do Japão em 1,8% após seis trimestres de alta
A economia do Japão encolheu 1,8% nos três meses até setembro, já que uma queda nas exportações diante das tarifas dos Estados Unidos resultou na primeira contração em seis trimestres, mostraram dados do governo nesta segunda-feira (17).
As remessas das montadoras, em particular, despencaram após um período de aumento nas exportações antes da entrada em vigor das tarifas. Ainda assim, como a contração geral não foi tão acentuada quanto o esperado, ela provavelmente representa um revés temporário, em vez do início de uma recessão, disseram economistas.
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“A contração se deve em grande parte a fatores pontuais, como o investimento em habitação” afetado por mudanças regulatórias, disse o economista Kazutaka Maeda, do Meiji Yasuda Research Institute.
“As exportações também reagiram”, afirmou. “No geral, a economia carece de um forte impulso subjacente, mas a tendência ainda aponta para uma recuperação gradual ao longo do próximo ano ou dois”, completou.
Economistas viram os números do PIB deste trimestre como tendo um impacto marginal sobre o pensamento do Banco Central do Japão ao decidir as próximas taxas de juros, em comparação com fatores como a inflação. No entanto, um economista próximo à primeira-ministra Sanae Takaichi deu mais peso aos dados.
Dada a contração, seria “equivocado que o Banco Central decidisse aumentar as taxas de juros” em dezembro, disse Takuji Aida, economista-chefe do Japão no Crédit Agricole, que integra o principal painel de Takaichi responsável por traçar a estratégia de crescimento do país, em um relatório para clientes.
Contra tarifa alta, carros mais baratos
O produto interno bruto contraiu 1,8% entre julho e setembro. Isso se compara ao crescimento revisado de 2,3% no trimestre anterior, bem como à contração de 2,5% estimada em média pelos economistas em uma pesquisa da Reuters.
A leitura também se traduziu em uma contração trimestral de 0,4%, ante a estimativa mediana de 0,6%.
As exportações foram o principal fator negativo, à medida que o impacto das tarifas mais altas dos EUA se intensificou. As montadoras viram o volume de remessas despencar, revertendo o avanço antecipado das exportações antes dos aumentos tarifários, embora tenham absorvido em grande parte as tarifas por meio de cortes de preços.
A demanda externa líquida, ou exportações menos importações, reduziu 0,2 ponto percentual do crescimento, ante uma contribuição positiva de 0,2 ponto em abril-junho.
Os EUA e o Japão formalizaram em setembro um acordo que implementou uma tarifa básica de 15% sobre quase todas as importações japonesas, em comparação com 27,5% iniciais sobre automóveis e 25% para a maioria dos outros bens.
Consumo privado como esperado
O investimento em habitação também pesou sobre o crescimento, já que uma regulação mais rígida de eficiência energética introduzida em abril desacelerou novos compromissos.
O consumo privado, que representa mais da metade da produção econômica, cresceu 0,1%, em linha com a estimativa de mercado. Isso foi mais fraco do que os 0,4% do segundo trimestre, indicando que os altos custos dos alimentos aumentaram a relutância em gastar.
Os gastos de capital, outro motor importante do crescimento impulsionado pela demanda privada, aumentaram 1,0% no terceiro trimestre, muito acima da estimativa de mercado de 0,3%.
“O consumo privado cresceu pelo sexto trimestre consecutivo e os investimentos em capital aumentaram pelo quarto trimestre consecutivo”, disse o ministro da revitalização econômica, Minoru Kiuchi, em comunicado.
“Isso reforça nossa visão de que a economia permanece em um caminho de recuperação moderada”, afirmou.
As estimativas do setor privado refletem a expectativa de que o crescimento se recupere entre outubro e dezembro. Uma pesquisa com 37 economistas do Japan Center for Economic Research projetou uma expansão de 0,6%.
Os dados fracos do PIB surgem enquanto o governo de Takaichi elabora um pacote de estímulo para ajudar as famílias a lidar com o aumento do custo de vida.
Assessores de Takaichi citaram uma provável forte contração do PIB como razão para medidas de estímulo agressivas.
A ministra das Finanças, Satsuki Katayama, disse a repórteres neste domingo (16) que o estímulo econômico proposto ultrapassaria 17 trilhões de ienes (US$ 110 bilhões), segundo a mídia.
“A partir do final deste inverno (no hemisfério norte) até por volta da primavera, haverá medidas que melhorarão as condições de renda real das famílias”, disse o economista da Nomura Securities, Uichiro Nozaki. “Portanto, em termos de sustentar o consumo na primeira metade do próximo ano, isso é um fator positivo”.