Taxas dos DIs sobem com piora da percepção do mercado sobre a situação fiscal

As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) ganharam força no fim da manhã desta quinta-feira (2), subindo quase 20 pontos-base em alguns vencimentos, em meio a uma piora da percepção do mercado sobre a situação fiscal brasileira.
O avanço ocorre apesar de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries estarem próximos da estabilidade neste início de tarde.
Às 12h51, a taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 14,13%, alta de 16 pontos-base ante o ajuste de 14,061% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,685%, em alta de 19 pontos-base ante o ajuste de 13,493%.
Embora a Câmara tenha aprovado, na noite de quarta-feira, o projeto de isenção do Imposto de Renda com medidas de compensação — considerado pelos investidores essencial para não prejudicar o fiscal —, os agentes reagiam a rumores de que o governo Lula estuda a possibilidade de um programa federal para implementar a tarifa zero no transporte coletivo de passageiros em todo o Brasil.
O receio de que iniciativas como essa possam se multiplicar com a proximidade do ano eleitoral, gerando impacto fiscal, dava força às taxas no Brasil, afirmaram agentes do mercado à Reuters, em um contexto de fortalecimento do presidente Luiz Inácio Lula nas pesquisas eleitorais mais recentes.
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Na noite de quarta-feira (1), a Câmara aprovou por unanimidade o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês e concede desconto aos que recebem até R$ 7.350.
Em uma vitória do governo, os deputados mantiveram no texto as contrapartidas propostas pelo Executivo para compensar a renúncia fiscal, estimada em R$ 25,8 bilhões em 2026. Como compensação, o projeto prevê taxação de até 10% para quem ganha acima de R$ 50 mil por mês. A proposta segue agora para análise no Senado.
Em entrevista nesta manhã em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a aprovação na Câmara e disse não esperar dificuldades na tramitação no Senado:
“Não acredito que vá haver problemas, inclusive porque este projeto não busca só justiça tributária, ele busca justiça tributária com ancoragem fiscal”, afirmou Haddad.
Mais cedo, os DIs também reagiram ao fortalecimento dos rendimentos dos Treasuries, que ganharam força após a divulgação de um indicador calculado pelo Federal Reserve de Chicago.
O indicador mostrou que a taxa de desemprego nos EUA provavelmente foi de 4,3% em setembro, igual à de agosto. Como a divulgação do relatório payroll, prevista para sexta-feira, pode não ocorrer em razão da paralisação do governo dos EUA, os investidores se apegaram ao dado do Fed de Chicago.
Às 13h06, o rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas sobre os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha alta de 1 ponto-base, a 3,57%. Já o retorno do título de dez anos — referência global para decisões de investimento — permanecia estável em 4,102%.
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