Tchau, corte de juros em 2025? Copom acaba com apostas de uma Selic mais baixa em dezembro
Se você estava no grupo dos otimistas que apostavam em um corte de juros ainda este ano, melhor “tirar o cavalinho da chuva”. O Comitê de Política Monetária (Copom) seguiu o plano, manteve a taxa Selic estável em 15% ao ano e já avisou que o patamar vai continuar alto pelos próximos meses.
O comunicado do Banco Central destaca que os riscos para a inflação seguem mais elevados do que o usual e que, para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, “exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.
Ou seja, o mercado já aguarda por mais uma manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano na reunião de dezembro.
A avaliação da autoridade monetária é de que o ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos. Além disso, do lado doméstico, o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo, apesar da trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica.
“O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, diz o comunicado.
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Segundo Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, a decisão do Copom foi totalmente dentro do esperado, mas o tom do comunicado surpreendeu e veio hawkish.
“Na verdade, ele seguiu a mesma linha do último comunicado, só que como nós tínhamos uma expectativa que ele já sinalizaria uma possível mudança de rota no futuro, ele não fez isso. Então, ele manteve o tom duro da ata quando todo mundo já estava imaginando uma sinalização um pouco mais tranquila”, afirma.
Marcos Moreira, sócio da Garten Capital, afirma que o mercado de trabalho mais apertado e a inflação em níveis com desencoragem que preocupa o cumprimento da meta para os próximos 18 meses contribuíram para essa postura do Banco Central de manter os juros nos níveis atuais e manter também esse discurso mais restritivo.
“Nós não esperamos corte de juros este ano, a nossa expectativa está mais para cortes no final do primeiro trimestre do ano que vem, então ali mais ou menos em março a gente espera cortes. O que fica aberto é qual que deve ser o pace, ou seja, o que deve vir o primeiro corte de 0,5% ou 0,75%”, diz.
Por outro lado, o que chamou também a atenção dos analistas foi um pequeno ajuste na comunicação: de que a inflação e as medidas subjacentes “apresentaram algum arrefecimento”.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, essa frase adicionada que trouxe um tom dovish para o comunicado
“Se o comunicado tivesse sido amplamente alterado, a frase poderia ser tratada como um mero reconhecimento conjuntura. Como foi praticamente uma alteração isolada, a frase passa uma mensagem de potencial esmorecimento da rigidez da política monetária”, aponta.