Economia

Tchau, dólar? Entenda o plano de moeda única do Brics, encabeçado por Lula

24 ago 2023, 15:26 - atualizado em 24 ago 2023, 15:28
Lula, moeda
Lula quer que integrantes do Brics usem uma moeda alternativa para transações comerciais. (Imagem: REUTERS/Juan Medina)

Desde que assumiu o seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem batendo em uma mesma tecla: evitar o uso de dólar nas negociações e parcerias feitas pelo Brasil. Durante a 15º Cúpula do Brics, Lula voltou a debater o assunto, que vem ganhando cada vez mais adeptos.

“O que queremos é criar uma moeda que permita que a gente faça negócio sem precisar comprar dólar. Não houve nenhum fórum do mundo que decidiu que o dólar era moeda de referência”, disse durante conversa com a imprensa nesta quinta-feira (24).

No entanto, o Lula fez questão de destacar que “ninguém quer mudar a unidade monetária” dos países integrantes do Brics.

Confira a declaração de Lula na íntegra

O presidente também disse que abrir mão do dólar é um movimento que levará tempo. Por isso, a proposta é de que as equipes econômicas dos países estudem uma solução para ser apresentada na reunião do ano que vem. “Nós não queremos pressa porque não é uma coisa simples de fazer”, afirmou.

Ontem, Lula ressaltou em seu discurso na reunião do grupo que a criação de uma moeda para transações comerciais do bloco reduzirá vulnerabilidades dos países em desenvolvimento.

“A criação de uma moeda para as transações comerciais e investimentos entre os membros do Brics aumenta nossas condições de pagamento e reduz nossas vulnerabilidades”, disse.

Vale lembrar que a Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã foram convidados para aderir ao Brics, que já conta com o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Propostas

Em janeiro, o Brasil e a Argentina começaram um estudando sobre criação de uma moeda única. No entanto, ao contrário do que se diz nas redes sociais, isso não significa o fim do real e do peso argentino.

A nova moeda seria utilizada apenas em transações comerciais e financeiras entre países do Mercosul para reduzir a dependência dos países latinos ao dólar, que vem pressionando as moedas dos emergentes.

Ou seja, o comércio estaria livre das flutuações cambiais, mas os países podem manter suas atuais moedas para uso interno.

Alguns meses depois, em abril, Lula defendeu o uso de uma moeda alternativa no comércio internacional entre os países do Brics.

“Porque que um banco como o Brics não pode ter uma moeda que pode financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e outros países do Brics? É difícil porque tem gente mal-acostumada porque todo mundo depende de uma única moeda”, disse durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), em Xangai.

Como funcionaria uma moeda comum

O plano de Lula é criar uma unidade de referência comum para o comércio exterior feito entre membros do continente, porém cada país manteria a sua moeda corrente para uso doméstico.

Em tese, a moeda comum protegeria os países sul-americanos das flutuações cambiais. No entanto, economistas apontam para a falta de informações sobre o funcionamento do instrumento, na prática.

No início deste ano, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Etóre Sanchez, alertou para eventuais problemas que uma moeda comum entre Brasil e Argentina poderiam gerar na economia brasileira.

“A Argentina possui uma economia dolarizada, além de diversos outros problemas monetários. A criação de uma moeda comum nos moldes discutidos, muito provavelmente não refletiria o câmbio oficial argentino e seria muito mais vantajoso para exportação para o Brasil, mas pioraria muito a possibilidade de compra de produtos brasileiros pelos argentinos”, disse.

Além disso, a criação de uma moeda comum envolve o tamanho da economia de cada países e a atuação de cada banco central da região.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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