BTG (BPAC11) vai subir nível de rentabilidade? CFO responde
O BTG Pactual (BPAC11) bateu recorde após um segundo trimestre já considerado forte. Com a régua elevada, o mercado agora se debruça sobre se o banco conseguirá sustentar o ROE (retorno sobre o patrimônio) acima do patamar de 27% a 28%.
Na gestão, o discurso é de cautela. Questionado em teleconferência com jornalistas, Renato Cohn, CFO do banco, afirmou que quanto mais alto o indicador, mais desafiador é mantê-lo.
“Lembrando que, quando começamos o ano, passamos no guidance a expectativa de um ROE um pouco superior ao do ano anterior, que foi de 23,1%. Portanto, esperávamos algo ligeiramente acima”, disse.
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Ainda segundo Cohn, é provável que o BTG entregue um ROE acima de 24%, provavelmente mais próximo do patamar de 25% neste ano.
O que vem para 2026?
Com o ano praticamente encerrado, os investidores já começam a desenhar o cenário para 2026, período que deve ser marcado por eleições e pela queda dos juros.
Apesar disso, os executivos evitam traçar projeções detalhadas.
“Projetar esse número (ROE) para 2026 ainda é prematuro. Não há conforto para fazer essa projeção por uma série de fatores. Ainda há muitas incertezas. Entraremos em um calendário eleitoral, e a taxa de juros deve iniciar um processo de queda, o que deve alterar um pouco o cenário”, disse Cohn.
Ele explicou que, quando os juros caem, há impacto no mercado. É provável que ocorra uma migração de fluxos para outros tipos de ativos, o que pode afetar o retorno de algumas áreas de negócio.
Como o BTG quer continuar crescendo
Segundo Cohn, algumas linhas de negócio nas quais se espera um crescimento estrutural são Corporate Lending, Asset Management e Wealth Management.
“À medida que novos clientes entram — o que chamamos de Net Money, isto é, a adição líquida de novos clientes —, esperamos que essas áreas continuem crescendo. E, com esse crescimento, naturalmente veremos novos recordes”, afirmou.
O CFO destacou ainda que as novas iniciativas, produtos e serviços geram receita adicional para a base crescente de clientes, que se beneficia dessas inovações.
“O aumento da base de clientes, somado aos novos serviços e negócios, também promove um crescimento estrutural das receitas.”
Mercado de capitais
No mercado de capitais, o CEO, Roberto Sallouti, afirmou que, especialmente o segmento de produtos isentos de impostos, tem comprimido os spreads em ofertas e emissões de dívida de alta qualidade para níveis muito baixos.
“Tanto que, no segmento corporativo de grande porte da nossa carteira de crédito, não aumentamos a exposição, pois entendemos que o mercado está aceitando spreads mais estreitos do que consideramos sustentáveis no longo prazo”, afirmou Sallouti.
Na avaliação do executivo, há uma correlação negativa com as taxas de juros — ou seja, se as taxas caírem, a expectativa é de aumento dos spreads, mesmo sem deterioração adicional no ambiente de crédito.
“No entanto, um período prolongado de juros nesses níveis traz desafios para empresas mais alavancadas, e já começamos a ver algumas delas reportando essas dificuldades”, disse.
“Não esperamos nada dramático, mas estamos cautelosos, especialmente em relação à nossa carteira de crédito corporativo, que não conta com as isenções fiscais nem com as características de liquidez dos mercados de capitais.”
Banco Pan
Com a integração do Banco Pan (BPAN4), o BTG pretende convergir para uma única plataforma de banco digital no início de 2027, o que, segundo o CEO, melhorará significativamente a experiência do cliente, aumentará a alavancagem operacional e reduzirá o risco da operação.
Em meados de outubro, o BTG propôs incorporar o Pan, banco no qual já detém 76,9% de participação. Após a incorporação — que ainda depende de aprovações regulatórias —, o Pan será convertido em subsidiária integral indireta e deixará a bolsa.
“Vemos muitos benefícios nessa consolidação — ainda estamos nos estágios iniciais, mas provavelmente começaremos a ver esses efeitos a partir de 2027. É provável que não haja impactos significativos em 2026”, afirmou Sallouti.
“Acreditamos que podemos continuar crescendo nesse segmento (de varejo), o que aumentará ainda mais a diversificação, especialmente no crédito”, completou.
Com Reuters