Selic: ‘Temos de ter estômago de crocodilo’; Galípolo responde se ciclo de cortes está perto

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu nesta segunda-feira a preservação da flexibilidade da autarquia para consumir dados e seguir na calibragem de qual é a taxa de juros terminal, destacando que a instituição ainda está discutindo o ciclo de alta na Selic — e não quando começará o ciclo de cortes da taxa.
Em evento promovido pelo Centro de Debates de Políticas Públicas, em São Paulo, Galípolo afirmou esperar que as ações que a autoridade monetária vem tomando falem por si só, ao mostrar compromisso do Comitê de Política Monetária (Copom) na busca pela meta de inflação. A meta de inflação perseguida pelo BC é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O mercado já aposta em cortes da Selic, mas para Galípolo ainda é cedo para pensar nesse cenário.
- VEJA MAIS: Onde investir para buscar ‘combo’ de dividendos + valorização? Estes 11 ativos (ações, FIIs e FI-Infras) podem gerar renda passiva atrativa
Ele destacou também que neste momento do ciclo da política monetária, pesa cada vez mais a discussão sobre quanto tempo o BC vai permanecer com a Selic em nível contracionista.
“Temos de ter estômago de crocodilo e queixo de pedra para aguentar o período que você vai ter que aguentar com essa taxa de juros no patamar restritivo, para ancorar expectativas e perseguir a meta”, afirmou.
“A gente migrou para um estágio de taxa de juros contracionista com alguma segurança. Independente de qual é sua taxa de juros neutra, podemos discutir se ela (Selic) está contracionista o suficiente ou não, por isso temos preservado a flexibilidade para poder consumir os dados e seguir nessa calibragem de qual é a taxa de juros terminal”, disse.
Em maio, o BC desacelerou o ciclo de alta de juros ao elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 14,75% ao ano, e deixou em aberto o que fará na reunião deste mês, apontando uma dependência de dados e indicando a necessidade de uma dose alta de juros por período prolongado, para controle da inflação.
No mercado financeiro, porém, os agentes precificam atualmente de forma majoritária a manutenção da Selic em 14,75% ao ano na reunião deste mês.
Além disso, eles têm operado desde o último encontro do Copom tendo por base a perspectiva sobre quando o BC iniciará um novo ciclo da taxa básica, desta vez de cortes.
Em sessões mais recentes, cresceram as apostas de que o primeiro corte de juros pode ocorrer apenas em 2026 — e não no fim de 2025.
Na apresentação desta segunda-feira, Galípolo disse que não iria precipitar discussões sobre nível de juros no futuro, já que o BC ainda está “num estágio ainda anterior”.
“Estamos ainda discutindo o ciclo de alta” da Selic, permanecendo aberto para o que fará na próxima reunião do Copom”.