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Tempo de vacas magras: EUA deve pesar, e BBI corta preço-alvo de Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3)

18 jul 2022, 16:50 - atualizado em 18 jul 2022, 16:50
JBS Friboi
O Bradesco BBI reduziu o preço-alvo dos papéis das frigoríficas JBS e Marfrig (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

O Bradesco BBI reduziu o preço-alvo dos papéis da JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) para R$ 34 e R$ 18, respectivamente. A recomendação permaneceu neutra pela relação de risco/retorno justo.

Em relatório, o BBI reforçou sua preocupação com a margem Ebitda para a carne bovina dos Estados Unidos, um dos principais impulsionadores dessas ações.

O banco destaca que o segmento de carne bovina norte-ameriana responde por 50-60% do Ebitda da JBS, e 80-90% do Ebitda da Marfrig.

Com a diminuição das margens da carne bovina dos EUA (abaixo da média de 5 anos), as ações da JBS e Marfrig tiveram desempenho inferior ao do Ibovespa (IBOV) em 35 e 15 pontos percentuais (pp), respectivamente.

Segundo o BBI, o mau agouro acontece por dois motivos:

  1. custos do gado subindo e o impacto da seca que reduz a disponibilidade de animais para abate;
  2. menos interrupções relacionadas à Covid-19 contribuem para a normalização dos preços da carne bovina em relação a anos anteriores, onde a indústria teve paralisações temporárias.

Para a JBS, em 2023, o banco reduziu a projeção da margem Ebitda da carne bovina dos EUA para 7%, versus 8% do consenso.

No caso da Marfrig, a redução foi de 8%, versus 9% do consenso pelos riscos de aumento no preço da carne bovina no próximo ano, enquanto as proteínas mais baratas podem se sair melhor.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) prevê que os custos do gado podem aumentar mais 9,4% em 2023, à medida que a disponibilidade de animais cai ainda mais.

Expectativas para JBS e Marfrig

Para o Bradesco BBI, a estratégia da JBS de realizar recompras de ações e pagar dividendos mais elevados nos últimos anos foi bem recebida pelos investidores.

Entretanto, o banco reduziu as estimativas para a JBS por ter uma postura mais conservadora para as margens de carne bovina dos EUA, vendo um Ebitda consolidado para 2023 em 15% abaixo do consenso.

“Dadas as condições desafiadoras do mercado, temos menos clareza sobre o momento da listagem de suas operações nos EUA, um gatilho positivo muito esperado para as ações”, pontua o BBI.

O BBI enxerga as ações negociando em um EV/Ebitda 2023 de 4,7x (5x para 2024), o que está amplamente alinhado com a média histórica – ponto que é visto pelo banco como justo, considerando o risco/retorno.

Com relação a Marfrig, a empresa apresentou bons resultados nos últimos anos, beneficiando-se de um ciclo positivo para a carne bovina norte-americana, que permitiu à empresa pagar dividendos e, mais recentemente, alocar capital na empresa de alimentos processados BRF (BRFS3).

No entanto, assim como visto com a JBS, o Ebitda de 2023 da Marfrig está 16% abaixo do consenso, também pelo fato de o BBI estar mais cauteloso com as margens de carne de boi dos EUA.

A Marfrig vai consolidar a BRF (agora detém 33%) a partir do 2T22, e os analistas projetam que o múltiplo de dívida líquida/Ebitda consolidado cairá para 2,5x em 2023, de 2,8x em 2022, pois projetam um crescimento robusto do Ebitda da BRF, apesar das margens comprimidas para segmento de carne bovina da Marfrig nos EUA.

Dessa forma, o BBI acredita que a alavancagem consolidada provavelmente ficará abaixo do covenant da dívida de 4,5x a dívida líquida sobre Ebitda. A ação está sendo negociada a um EV/Ebitda 2023 de 4,5x (ex-BRF).

Reagindo a perspectiva do Bradesco BBI, por volta das 15h20, as ações da JBS tinham desempenho negativo, caindo em 0,77%, a R$ 29,79. Marfrig tinha queda de 3%, a R$ 11,96.

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Repórter
Graduanda em jornalismo pela Universidade Estácio de Sá. Tem experiência cobrindo mercados, ações, investimentos, finanças, negócios, empreendedorismo, franquias, cultura e entretenimento. Ingressou no Money Times em 2021.
janaina.silva@moneytimes.com.br
Graduanda em jornalismo pela Universidade Estácio de Sá. Tem experiência cobrindo mercados, ações, investimentos, finanças, negócios, empreendedorismo, franquias, cultura e entretenimento. Ingressou no Money Times em 2021.