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Tendência de mercados emergentes pode enganar no início do ano

03 jan 2020, 14:33 - atualizado em 03 jan 2020, 14:33
Se uma tendência positiva continuar além de 21 de janeiro ou perto dessa data, há uma boa chance de ser real

Cuidado com o viés de eventos recentes ao investir em ações de mercados emergentes em janeiro. O que parece ser uma tendência de ano novo pode ter vida curta, segundo os dados.

Nos últimos 21 anos, investidores que fizeram apostas para o ano inteiro com base nas três primeiras semanas de negociação perderam dinheiro em pelo menos 12 ocasiões, pois as ações inverteram a direção na quarta semana e seguiram o caminho oposto no resto do ano. Isso sugere que as negociações no início de janeiro costumam ser um reflexo do clima em dezembro e podem ser um indicador contrário do que está por vir.

Este ano, o índice MSCI Emerging Markets iniciou um período de ganhos depois de ultrapassar importantes níveis técnicos em meados do mês passado, embalado pela perspectiva de um acordo comercial preliminar entre Estados Unidos e a China. Essa onda de otimismo elevou o índice ao nível mais alto desde junho de 2018.

Com base nisso, investidores devem contar com um rali das ações pelo segundo ano e até mesmo com a recuperação de todas as perdas relacionadas à guerra comercial? Ainda não, a história adverte. Se uma tendência positiva continuar além de 21 de janeiro ou perto dessa data, há uma boa chance de ser real.

Algumas lições do passado:

Expansão e estouro da bolha ponto.com

Em 1999, o índice MSCI teve um início instável após as turbulências do ano anterior, incluindo um default na Rússia e o colapso do governo na Turquia. Mas o ano terminou com um rali descontrolado com o ápice da expansão de empresas de Internet.

Em 2000, ocorreu o oposto. As ações continuaram avançando no início do Ano Novo, mas uma onda de vendas no fim de janeiro foi um presságio do estouro da bolha de Internet que começou de fato em abril.

Recessão nos EUA em 2001

Uma valorização de 11% nas primeiras três semanas não teve continuidade devido à retração da economia dos EUA.

Rali liderado pelo Fed

Embora o Federal Reserve tenha reduzido os juros para quase zero e iniciado a primeira flexibilização quantitativa nos meses finais de 2008, o pessimismo em torno da crise financeira persistiu até janeiro. As ações de mercados emergentes caíram antes de uma virada para registrar o melhor desempenho anual de todos os tempos.

Birra

Meses antes de o então presidente do Fed, Ben Bernanke, indicar uma reversão dos estímulos em meados de 2013, as ações de mercados emergentes haviam iniciado a trajetória de queda. Mas dificilmente alguém teria adivinhado a tendência devido ao começo forte no ano.

Choque do yuan

O ano de 2015 foi um pesadelo para a China e, por extensão, para mercados emergentes. A queda das ações em Xangai, que o governo piorou com táticas de controle e uma inesperada depreciação do yuan em agosto, puxou o tapete de investidores. O ano havia começado de maneira positiva, com um ganho de 2% nas três primeiras semanas.

Retomada pós-Fed

Uma pesquisa da Bloomberg com gestores de recursos no início de 2016 revelou que a maioria estava pessimista sobre ações de mercados emergentes. Apenas algumas semanas antes, o Fed havia subido as taxas pela primeira vez em quase uma década, o que levou a uma queda superior a 13% entre o Ano Novo e 21 de janeiro – dificilmente um sinal para o rali que se seguiu.

Guerra comercial

Um início de alta na esteira de um rali de US$ 3,9 trilhões do ano anterior perdeu força na quarta semana de janeiro de 2018. O motivo: Donald Trump iniciou um conflito comercial com a China em 22 de janeiro com aumentos de tarifas sobre equipamentos de energia solar.

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